João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Investir e inovar, tal qual a Finlândia

Distante geograficamente do Brasil assim como de nossa realidade educacional, a Finlândia, pequeno país da península escandinava situado ao norte da Europa, ocupa há quatro anos o topo do ranking mundial da educação. Administra 55 mil alunos espalhados em 3 mil escolas todas gratuitas e com ensino de altíssima qualidade. Em visita a São Paulo a diretora do Ministério da Educação e Cultura finlandesa explicou de que forma o modelo faz tanto sucesso.

O sistema de ensino de lá não está sob o controle do governo federal que garante autonomia e suporte aos Estados e municípios. O país não é adepto de testes nacionais para medir a aprendizagem. Prefere direcionar esforços para a melhoria do ensino. Antes de dar aulas, o professor tem que estudar e muito. O eficiente preparo profissional tem rendido ótimos resultados para os alunos e também para a valorização dos docentes que não encontram diferença salarial para lecionar na educação infantil ou nas universidades. As greves por conta de salários não existem e o aperfeiçoamento é permanente.

O preparo dos jovens reflete significativamente no reconhecimento da Finlândia como referência mundial em inovação. O governo aposta na geração de conhecimento produzido nas universidades e centrais de pesquisas. Também são financiados grupos acadêmicos para identificar problemas e soluções nas áreas de saúde, educação, indústria, meio ambiente e outros setores. A partir disso, os grupos aceleram a aplicação das ideias através do mapeamento de grupos privados interessados em trabalhar em conjunto. No Parlamento finlandês existe um conselho de inovação com o propósito de ampliar essa prática.

E o custo de tudo isso?? O sistema educacional, como disse nossa ilustre visitante, não é alto. Consome menos de 6% do PIB finlandês. Já no Brasil – que ocupa o 53º lugar no ranking internacional de educação – brigamos por um investimento maior no setor considerando nossa dimensão e rol de peculiaridades para conseguir transformar nossa realidade verde e amarela através da educação.

Essa semana a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE). Foi votado um substitutivo que destina 10% do PIB para políticas educacionais.A diferença é que em terras brasileiras o governo nunca viu com bons olhos o repasse dos recursos obtidos com o pagamento de royalties e participações especiais na extração do petróleo.

Embora aprovado por unanimidade o texto vai passar pela análise de outras comissões; além de carregar a desconfiança de muitos parlamentares de que, já nessa fase, a proposta passe por manobras contábeis para reduzir o valor original a ser investido na educação.

O projeto não deixa de ser interessante. Estabelece diretrizes e metas a serem cumpridas nos próximos 10 anos. Uma delas é a oferta de educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de ensino básico e a formação de 50% dos professores de educação básica em nível de pós-graduação.Mas ainda falta muito para ser o plano perfeito. É pouco ambicioso e instrumentalizado. No entanto, é o início do processo que pode levar à qualidade educacional que desejamos.

De forma esperançosa e acreditando no futuro, finalizo com um pensamento de dr. Kishore Singh, relator da ONU : “O direito à Educação não é um ideal ou uma aspiração, mas um direito legalmente executável”.

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