23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
O Pacto pela Educação discutido pelos quatro cantos do Brasil e ainda indefinido pode ser delineado agora se ouvido o uníssono das ruas pela valorização do segmento que é a porta de esperança para a transformação de uma nação. Uma vez estabelecidas metas eficientes e a maioria dos estudantes passar para o lado de dentro estará carimbado o passaporte para um caminho sem volta rumo à uma economia sólida e sustentável.
A indignação das ruas é embasada por números que nos envergonham. Uma pesquisa recente detectou o déficit de 300 mil professores na Educação Básica do país. Em alguns estados, como no Rio Grande do Norte, existe rodízio de aulas. Duas vezes por semana uma turma fica em casa enquanto outra vai à escola.
Muitas unidades ainda funcionam sem água potável e banheiro. Quase 500 mil professores lecionam sem diploma de nível superior.
Mais da metade (55,4%) dos alunos do 3º ano do ensino fundamental no país não leem e interpretam um texto de forma correta, segundo informações da 2ª Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização.
Foram avaliados 54 mil alunos de 1.200 escolas públicas e privadas distribuídas em 600 municípios brasileiros. E o resultado comprovou que ainda estamos abaixo dos 50% em leitura, escrita e matemática nos três primeiros anos do ensino fundamental. Uma deficiência que compromete o aprendizado das crianças nos anos seguintes.
Para os estudiosos do assunto outro fator que piora consideravelmente a situação é a falta de planejamento para a gestão das escolas. Investir no professor, segundo eles, é o melhor caminho.
Para nós, a valorização da figura do professor como um todo é a estrada mais segura. Além da capacitação realizada com todos docentes da educação infantil e estarmos sempre dispostos a buscar (e encontrar) a melhoria dos salários da categoria, investimos na recuperação física das escolas para tornar mais agradável o ambiente de trabalho e estudo além de desenvolvermos ações práticas para reduzir o déficit de pessoal nas unidades.
Uma experiência positiva foi o cadastramento de todos servidores da rede pública de educação de Salvador. A partir daí foi possível verificar onde atuam nossos professores. Com esse mapeamento identificamos as necessidades de cada escola e passamos a priorizar a convocação dos concursados.
São mais de 1 mil convocações entre professores, especialistas em diferentes disciplinas e coordenadores pedagógicos. Sem dúvida, a meta é manter o professor em sala de aula para que nenhuma escola fique desguarnecida e todas possam efetivamente contar com um coordenador. Exatamente para melhorar a gestão e traçar prioridades adequadas à cada unidade. No início desse mês foram convocados 500 profissionais que vão realizar exames médicos para serem efetivados no quadro.
Entendemos como indispensável o trabalho incessante para que a escola seja um espaço agradável e atraente com aulas melhor planejadas e resultados pedagógicos acompanhados de perto para possíveis e rápidas intervenções com foco na elevação da qualidade de ensino de nossa rede.
Com justa razão o coro das ruas clama por uma melhor educação pública e de qualidade para todos.