27 dezembro 2024
O prefeito João Henrique (PMDB) tem todo o direito de indignar-se com o PT, bater o pé, revoltar-se, chorar, atacar e chamar o partido de “golpista”, especialmente aquela ala da legenda que lhe prometeu – até assegurou – apoio incondicional à sua reeleição e, de última hora, sem aviso prévio, optou pelo desembarque da administração municipal.
Mas, por motivos óbvios, não pode manifestar-se distorcendo a realidade e fatos históricos, principalmente os mais recentes. A alegação de que não foi candidato ao governo em 2006 para ajudar a eleição de Jaques Wagner (PT) não “confere”, diz a este blog um petista que, aliás, afirma estar solidário com o prefeito no caso do rompimento.
Lembra ele que no PT, assim como em praticamente todos os outros partidos, inclusive o PSDB, todo mundo sabe que João Henrique era, de fato, em 2006, segundo as pesquisas, o melhor nome para disputar o governo no campo das Oposições contra Paulo Souto (DEM), de quem, percentualmente, estava muito próximo, enquanto Wagner apenas engatinhava.
Mas, ao invés de enfrentar a disputa, o prefeito preferiu fazer um jogo perigoso: negociar a ameaça que representava para a reeleição de Souto em troca de eventual apoio à sua administração pelo grupo de ACM. Usara como pretexto para a aproximação com os carlistas o episódio da suspensão do fornecimento de combustível ao município pela Petrobras.
Recorda o petista que, naquele momento, apesar de a estatal ser comandada pelo PT, como hoje, o prefeito decidiu pedir ajuda ao governo do Estado, o que lhe valeu um indignado e estrondoso carão público do líder do PSDB, Jutahy Jr., episódio que se constituiria no início do abalo da bem-sucedida relação que mantinha com os tucanos e lhe garantira a eleição.
A fonte lembra que, naquela época, João Henrique não tinha ainda relações com Geddel Vieira Lima, cujo apoio à sua candidatura a prefeito, em 2004, fora negado pelo próprio prefeito. Aliás, o então deputado federal fora mantido a distância regulamentar de seu governo até João Henrique resolver deixar o PDT para ingressar no PMDB, no meio do ano passado.
O petista prossegue lembrando que, como a sinalizar ao carlismo que não se empenharia por Wagner, o prefeito teria adotado uma postura de “quase indiferença” com relação à campanha do PT, apesar do engajamento de seu pai, o ex-governador João Durval (PDT), que disputou e venceu a vaga ao Senado na chapa petista.
A respeito da “paquera” do prefeito com o carlismo num período que era considerado crítico por Wagner, quando praticamente só ele e a mulher, Fátima Mendonça, pareciam acreditar que venceria o pleito, a mesma fonte recorda haver, inclusive, uma fala irada, atribuída ao então candidato petista em plena campanha sobre João Henrique.
Cansado de ter desconsiderados alguns pedidos para que fosse atendido pelo prefeito e vendo que o mesmo tratamento era inexplicavelmente dispensado a João Durval, que contava apenas com a estrutura da campanha petista, Wagner teria um dia desabafado. “Se ele (João Henrique) não quer me ajudar, que pelo menos ajude o pai!”, bradara.
A fonte do blog não assegura, mas especula que talvez esteja aí, no comportamento de João Henrique na difícil sucessão estadual para o petista, parte do motivo para a rasteira que o prefeito tomou agora do PT, uma decisão que se atribui indiretamente, em determinados círculos políticos, inclusive em setores do próprio PMDB, ao governador Jaques Wagner.