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Ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010 08 de março de 2016 | 15:20

Pagamento citado em e-mail foi feito a parlamentar que já morreu, diz lobista da Zelotes

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Em depoimento prestado à Justiça Federal, o advogado José Ricardo da Silva, réu em ação que avalia suposta “compra” de medidas provisórias, afirmou nesta terça-feira, 8, que negociou 20% de comissão com o ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010, pela indicação de uma causa na qual atuou em defesa do ex-deputado João Pizzolati (PP-SC). O valor dos honorários, correspondente a R$ 700 mil, teria sido pago por meio de “empresas” do Sul. A declaração do advogado foi dada ao explicar e-mail em apuração na Operação Zelotes, revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em outubro, no qual ele trata com outros investigados de acertos a serem feitos com “parlamentares”. Para o Ministério Público Federal, autor de denúncia contra Silva, os pagamentos mencionados são propina negociada com congressistas que participaram do processo de aprovação das medidas provisórias, que prorrogaram incentivos fiscais para o setor automotivo. Silva disse que obteve de Janene – que era líder do PP e chegou a ser réu no escândalo do mensalão – a indicação para atuar numa ação de improbidade administrativa contra Pizzolati, em curso no Superior Tribunal de Justiça, por volta de 2009. O resultado do caso poderia, eventualmente, impedi-lo de participar de eleições, com base na Lei da Ficha Limpa. “Esses ‘parlamentares’ não têm nada a ver com a tramitação do que que quer seja no Congresso Nacional”, assegurou. O réu alegou que, em alguma ocasiões, havia uma cobrança mais “incisiva” por parte de Janene. O desfecho do processo foi favorável à Pizzolati e os honorários foram pagos por meio de empresas que o advogado não especificou. Ele adiantou, contudo, que apresentará as notas dos pagamentos. O valor repassado a Janene seria correspondente a R$ 140 mil.

Estadão
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