25 de janeiro de 2017 | 20:21

Apoio do PT a aliado de Temer pode ser mal recebido por militância, diz Zarattini

brasil

O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP), admitiu em entrevista que a possibilidade de o partido apoiar a reeleição para a presidência da Casa de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ou a eleição de Jovair Arantes (PTB-GO), ambos apoiadores do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e aliados de Michel Temer, pode ser mal recebida pela militância do partido. “A maioria dos eleitores, principalmente aqueles que foram à luta, provavelmente não vão entender esta questão. Vão ter dificuldade de entender e assimilar essa proposta da mesma forma que eleitores do PSDB tiveram dificuldade quando o Lula governava e o Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi eleito com apoio dos tucanos”, disse o deputado.A comparação é rejeitada pela esquerda do partido que argumenta que na eleição de Chinaglia não havia um episódio tão grave que afastasse os dois partidos como foi o impeachment (ou “golpe”, segundo os petistas).Segundo Zaratini, a dificuldade se deve ao fato de a maioria do eleitorado considerar a eleição do presidente da Câmara sob a lógica das disputas por cargos majoritários enquanto, conforme ele, funciona de outra forma. “É uma coisa difícil de entender porque a gente tende a ver a política como preto ou branco. Existe todo um meio de campo que não é de acordos venais mas de situações onde a gente consegue ganhar espaço para fazer oposição”, explicou Zarattini.Na semana passada o Diretório Nacional do PT decidiu liberar a bancada para fazer acordos com qualquer candidato à presidência da Câmara. A prioridade deve ser garantir a aplicação da reciprocidade que dá ao PT, dono da segunda maior bancada, direito a assento na mesa diretora. Correntes de esquerda agrupadas no Muda PT reagiram negativamente e fizeram uma campanha contra a decisão da direção sob o lema “petista não vota em golpista”. A decisão final da bancada será tomada no dia 31 mas o próprio Zarattini admite que será impossível controlar todos os deputados já que o voto é secreto. “Nós não vamos votar no Rodrigo Maia para ser primeiro ministro do Temer”, resumiu o líder petista.

Estadão Conteúdo
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