Foto: Dida Sampaio / Estadão
Dilma Rousseff 13 de abril de 2017 | 06:35

Dilma pediu para centralizar todas as doações na campanha, diz Odebrecht

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Em um dos depoimentos de seu acordo de delação premiada, Marcelo Odebrecht, afirmou que durante a campanha de 2014 para presidente, a então candidata Dilma Rousseff ordenou que todos os recursos que a empreiteira dedicaria para as eleições deveriam se concentrar na campanha dela, o que teria gerado insatisfação entre candidatos do PT que disputavam cargos em governo estaduais, no Senado e na Câmara. “Aquilo que ela (Dilma) fez com a gente de concentrar nossas doações na campanha dela, esvaziou todo mundo. Em determinado momento, as pessoas passaram a forçar ela para também ajudar outras campanhas”, declarou Marcelo aos investigadores da Operação Lava Jato. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o herdeiro da empreiteira tinha afirmado que a ordem de concentração de recursos na campanha de Dilma foi comunicada por Guido Mantega. Mantega, segundo relatos feitos por Marcelo Odebrecht, teve papel central nas arrecadações feitas pelo PT desde 2010, após a eleição de Dilma, até as arrecadações para a reeleição, em 2014. Antes de 2010, tudo era coordenado por Antônio Palocci. As coisas mudam quando Dilma assume, disse o empresário. “Aí, eu fui checar. ‘Ô, presidenta, até agora tudo que eu conversava, inclusive os pagamentos, contribuições, tudo, era com o Palocci. E a partir de agora? É com o Guido? Ela falou: ‘é com o Guido’”, comentou o executivo, acrescentando que as conversas com Dilma sempre ocorriam na biblioteca do Palácio da Alvorada ou no Palácio do Planalto. Segundo Marcelo Odebrecht, havia uma “agenda enorme de itens” da empreiteira que era apresentada a Guido Mantega. Como contrapartida, Mantega pediria recursos. “É essa história, eu levava minha agenda de pleitos. No fim era aquela história. ‘Olha, me ajuda aqui, Marcelo, tem aquele pagamento que a gente precisa fazer’.” As reuniões com Guido aconteciam, na maioria das vezes, em São Paulo, no prédio da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil. De maneira geral, disse Marcelo, Mantega pedia repasses via João Vaccari Neto e, depois, via João Santana, que injetou recursos nas campanhas de Dilma e de Fernando Haddad, para a prefeitura de São Paulo.

Estadão
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