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Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro 18 de abril de 2017 | 13:30

Odebrecht pagou R$ 7,3 milhões em propina por reforma do Maracanã

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Executivos da empreiteira Odebrecht afirmaram em delação premiada que a empresa pagou cerca de R$ 7,3 milhões em propina para fraudar a licitação para as obras de reforma do estádio do Maracanã. O montante, destinado ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, a secretários e a membros do Tribunal de Contas do estado (TCE-RJ) poderia ter sido ainda maior se os acordos tivessem sido cumpridos, o que não ocorreu devido à deflagração da Operação Lava Jato. De acordo com Benedicto Barbosa da Silva Junior, responsável pelo Setor de Operações Estruturadas da empresa, o departamento da propina, foram pagos ao ex-governador do Rio de Janeiro, que está preso desde novembro, aproximadamente R$ 6,3 milhões em propina relacionada às obras do Maracanã. Já os diretores da Odebrecht Marcos Vidigal do Amaral, Leandro Andrade Azevedo e João Borba disseram, nos depoimentos, que foi repassado R$ 1 milhão para o então presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes. O valor, pago para que o tribunal aprovasse o edital de licitação da obra, deveria ter sido de R$ 4 milhões, que corresponde a 1% do valor inicial do projeto. No entanto, com início da Operação Lava Jato, o repasse, dividido em quatro parcelas, foi interrompido e somente uma “prestação” foi devidamente paga. “Fizemos o primeiro pagamento de R$ 1 milhão na data de 17 de março de 2014. O outro seria no final de 2014, quando começou a Operação Lava Jato e não fizemos mais os pagamentos”, disse Leandro Andrade Azevedo ao Ministério Público Federal. Azevedo explicou que, apesar da Lava Jato, o então presidente do TCE fluminense pressionou para que o restante da propina fosse paga. “No final do ano [2014], fui convocado pelo presidente do tribunal e ele me cobrou a continuidade do pagamento. Fiquei sem graça, estávamos no meio da Lava Jato. Delicadamente, pedi a ele que lesse a capa do jornal O Globo que estava sobre a mesa [que informava sobre a prisão de empreiteiros]. Ele ficou super sem graça, virou para mim e disse que entendia a situação, mas que estava sendo muito pressionado pelos outros conselheiros”, disse. Segundo Marcos Vidigal do Amaral, para que o consórcio formado inicialmente pela Odebrecht e Andrade Gutierrez vencesse a licitação, ele apresentou ao então secretário de Obras de Sérgio Cabral, Hudson Braga, exigências a serem colocadas no edital de modo que o certame fosse direcionado, evitando a concorrência. Ainda de acordo com o executivo, por determinação de Cabral, a construtora Delta também deveria integraR o consórcio, mesmo não tendo qualificação técnica para a obra.

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