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O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB) 29 de agosto de 2017 | 19:49

Curso de inglês aceitou dinheiro de organização de Cabral para contratar seguranças, diz funcionária

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Uma funcionária de cursos de inglês franqueados do grupo Brasas admitiu nesta terça-feira, 29, que a empresa emitiu notas fiscais frias para Luiz Carlos Bezerra, suposto operador do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). Segundo Rosemere Rosa Freitas Rodrigues, que cuidava do setor financeiro da empresa, o empresário John O’Donnell teria aceitado o valor para contratar seguranças informais para o curso. O Ministério Público Federal (MPF) diz que Bezerra movimentou R$ 1.195.300 em contratos fictícios com as empresas de O’Donnell, em 109 repasses. O esquema teria durado de maio de 2011 a outubro de 2015 e foi feito por meio de uma empresa fictícia de Bezerra e de sua mulher, Cláudia Bezerra, a CSMB informática. Segundo o MPF, a empresa de Bezerra foi criada para a “simulação de prestações de serviços com o fim de ocultação de dinheiro ilícito”. A CSMB nunca possuiu empregados e tem como sede o endereço residencial do casal, em Botafogo, bairro da zona sul do Rio. “Esses serviços nunca foram prestados. Nós emitíamos as notas, e o Carlos Bezerra ou a Cláudia, por mais vezes, iam entregar os envelopes de dinheiro na sede da empresa, no Centro. Por conta da falta de segurança no Rio, o curso resolveu participar do esquema, pois estávamos perdendo alunos e precisávamos contratar seguranças”, disse Rosemere. Ela é testemunha de acusação no processo, ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. O empresário e o seu filho, John O’ Donnell Junior, resolveram colaborar com a Justiça e estão soltos. Bezerra e O’ Donnell são amigos. O filho do acusado é afilhado do empresário, e o filho deste também foi batizado por Bezerra. John O’ Donnell relatou ao MPF que, a partir de 2011, e principalmente de 2014 em diante a vida financeira dos Bezerras teve uma “mudança radical”. Eles passaram a fazer viagens internacionais com hospedagem em hotéis de luxo, compra de veículos importados e consumo irrestrito de roupas de marca. Eram gastos incompatíveis com o padrão de vida anterior da família. O outro filho do empresário, Peter O’ Donnell, admitiu a Bretas que a outra empresa da família, a Striker, de boliches que funcionam no Norte Shopping e Barra Shopping, também foi usada no esquema. Entre fevereiro e abril de 2015, a empresa de boliche teria movimentado R$ 60 mil por meio de seis repasses para a empresa de Bezerra. “Meu pai disse que precisava ajudar o Bezerra. Nunca houve prestação de serviço”, afirmou o jovem, também testemunha de acusação do MPF no processo. Em depoimentos anteriores para Justiça, Bezerra confessou a lavagem de dinheiro que era destinado a organização criminosa de Cabral. “Eu emitia uma nota fiscal e o serviço não era prestado”, admitiu a Bretas. Questionado, ele também disse que o dinheiro era entregue em espécie para o “curso Brasas”. “Eu falei para ele (O’ Donnell) que eu precisava esquentar o dinheiro, e ele concordou. Mas também não sabia a origem, como eu também não sabia”, afirmou.

Estadão Conteúdo
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