16 de março de 2018 | 08:38

Direção dos tiros contra Marielle reforça hipótese de ataque premeditado

brasil

Uma execução premeditada, ligada à atividade política da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), é investigada pela Polícia Civil do Rio como hipótese para explicar o assassinato da parlamentar quarta-feira, 14. Ela foi morta com três tiros na cabeça e um no pescoço quando ia para casa, de carro, com o motorista Anderson Gomes, de 39 anos, assassinado com três tiros pelas costas. Uma assessora, que estava ao lado de Marielle, sobreviveu e prestou depoimento à polícia. “Uma das possibilidades, sim, é essa da execução. Mas não descartamos ainda outras (possibilidades) até porque o crime aconteceu há 10, 12 horas”, disse o chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, na manhã de quinta-feira, 15. Ele se reuniu com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), os delegados Fábio Cardoso, que está assumindo a Divisão de Homicídios, e Gineton Lages, titular da Delegacia de Homicídios. Antes de ser morta, Marielle foi a uma reunião de mulheres negras na Lapa, no centro. Saiu por volta das 21h30, acompanhada de Gomes e da assessora. Elas se sentaram no banco de trás e Gomes ficou no volante. O veículo seguia para a casa de Marielle na Tijuca, zona norte. Na altura da Praça da Bandeira, na Rua Joaquim Palhares, um Chevrolet Cobalt prata emparelhou à direita do veículo em que Marielle seguia. Um dos ocupantes disparou nove vezes contra a parlamentar, atingindo o vidro e parte da porta traseira direita do automóvel. O carro onde estava a vereadora andou mais alguns metros, e os assassinos fugiram. Marielle e Gomes morreram imediatamente. A assessora foi atingida só por estilhaços e prestou depoimento ainda de madrugada, por cinco horas. Outra testemunha, alguém que passava pelo local na hora do ataque, também teria prestado depoimento. A arma usada no crime foi uma pistola 9 milímetros, segundo a perícia, que recolheu cartuchos no local do crime. A polícia acredita que o carro foi seguido pelo veículo onde estava o assassino desde que ela saiu da reunião na Lapa. O motivo é que, embora os vidros do automóvel de Marielle estivessem cobertos por película escura, os bandidos pareciam saber exatamente onde ela estava sentada – a vereadora não costumava ir atrás. Foi na direção daquele ponto que os disparos foram feitos. A exatidão dos tiros também chamou a atenção dos investigadores. Segundo a TV Globo, imagens de câmeras mostram que um carro parado por duas horas perto de onde Marielle participava do evento. Esse automóvel teria saído quando o veículo de Marielle deixou o local. A possibilidade de ter sido reação das milícias à intervenção chegou a ser repassada ao Palácio do Planalto nesta quinta, mas depois perdeu força. A informação recebida pelo Planalto é de que a principal de linha de investigação é mesmo de execução.

Estadão
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