23 de março de 2018 | 07:30

Ex-funcionária desviou R$ 955 mil a ‘pessoas da confiança’ de ex-diretor da Dersa, diz Lava Jato

brasil

Uma das três frentes da denúncia da força-tarefa da Lava Jato, em São Paulo, contra o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza aponta desvios de R$ 955 mil em apartamentos e indenizações de um programa de reassentamento, entre 2009 e 2010, para familiares e pessoas ligadas a uma ex-funcionária da Desenvolvimento Rodoviário S/A. A irmã da funcionária afirmou em depoimento que era procuradora de 11 beneficiários, sacava o dinheiro das indenizações e entregava a ‘pessoas de confiança’ do ex-diretor. Vieira de Souza, antigo aliado do PSDB, ocupou diretorias estratégicas da Dersa entre 2005 e 2010, primeiro como chefe de Relações Institucionais e, depois, na Engenharia. Ele e outros quatro investigados foram denunciados pela Lava Jato nesta quinta-feira, 22. É a primeira acusação formal da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo. A Procuradoria imputa aos cinco acusados formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação. A acusação aponta que eles desviaram, entre 2009 e 2011, um total de R$ 7,7 milhões (valores da época) em recursos e imóveis destinados ao reassentamento de pessoas desalojadas por grandes obras viárias da Dersa na região metropolitana de São Paulo – o trecho sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê. Segundo a denúncia, Paulo Vieira de Souza comandava o esquema que envolvia dois ex-ocupantes de cargo em comissão na Dersa, José Geraldo Casas Vilella, chefe do departamento de assentamento, e uma funcionária do setor. Também é acusada de integrar o esquema a irmã da funcionária, e a psicanalista Tatiana Arana Souza Cremonini, filha de Vieira de Souza. De acordo com a Procuradoria da República, os pagamentos dos benefícios eram autorizados por José Geraldo e, quando ultrapassavam o limite permitido por seu cargo, eram assinados diretamente por Vieira de Souza. Além de dinheiro, dois familiares da funcionária da Dersa acabaram beneficiados, cada um com unidades da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) em Mauá. A Lava Jato indicou desvios em espécie também na obra da Jacu Pêssego. “A funcionária cadastrou sete amigos e conhecidos como pessoas que tinham direito a reassentamento por causa da obra. Dessas sete pessoas, três ela cadastrou novamente no programa de reassentamentos da Nova Marginal Tietê”, apontam os investigadores. “A funcionária relatou que, durante o período em que ocorreram as fraudes, muito dinheiro em espécie circulava no setor em que trabalhava, guardado na sala de Geraldo. Segundo seus depoimentos, Paulo e Geraldo mandavam entregar o dinheiro a pessoas indicadas por eles, inclusive para lideranças do tráfico que invadiam as áreas dos empreendimentos. O esquema foi interrompido em 2012, depois que um subordinado da funcionária a denunciou.”

Estadão
Comentários