01 de abril de 2019 | 07:30

Planalto monitora o ‘humor’ dos internautas

brasil

O Palácio do Planalto divide os influenciadores nas redes sociais e sites que repercutem notícias relacionadas ao governo entre os de “viés de esquerda” e os “apoiadores”. O Estado teve acesso a relatórios sigilosos de monitoramento das mídias digitais, produzidos por uma agência contratada pela Presidência. Os textos adotam termos da militância bolsonarista, como “velha política”, para descrever parlamentares da oposição, e destacam ataques ao presidente Jair Bolsonaro e seus ministros com potencial de viralizar. No embate público travado entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o papel de cada um na articulação para aprovar a reforma da Previdência, o monitoramento do Planalto registrou 29,3 mil menções na manhã de terça-feira passada. Esse capítulo foi chamado no relatório de “desentendimentos entre parlamentares e articulações para a Nova Previdência”. O documento destaca que “os perfis seguem apontando desentendimentos entre parlamentares e líderes do governo. Entre suas linhas argumentativas, os usuários teceram críticas à velha política e questionaram a prioridade do presidente para a aprovação da medida”. As hashtags mais difundidas foram #votesimpelareforma e #euapoionovaprevidencia. O relatório aponta que os perfis de opositores do governo enfatizaram que o trabalhador teria “sacrifício” e criticaram a proposta para os militares. Até uma postagem de Guilherme Boulos, candidato derrotado à Presidência pelo PSOL em 2018, foi monitorada. “A publicação antiga de Guilherme Boulos que acusou (verbo que aparece grifado no relatório do Planalto) o presidente de utilizar robôs para impulsionar a #EuApoioNovaPrevidencia tem gerado menções contestando a acusação. Apoiadores se mobilizam para defender a Nova Previdência e criticar a oposição”, registrou o documento. O relatório aponta que houve críticas também à ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, na terça-feira passada. “Usuários classificaram a ação como antidemocrática e cobraram o diálogo com toda a população, inclusive parlamentares, já que eles seriam afetados pela medida.”

Estadão
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