Aliados de Bellintani colocam culpa integral por sua desistência em Rui Costa

A decisão de Guilherme Bellintani de não concorrer à Prefeitura de Salvador, anunciada com exclusividade hoje no programa de Mário Kertész, da Metrópole, causou grande decepção na cúpula petista e enorme alegria no grupo do prefeito ACM Neto (DEM), com quem o presidente do Esporte Clube Bahia jantou na segunda-feira passada, após se reunir, pela manhã, com o governador Rui Costa (PT).

Na elite do petismo, no entanto, a culpa pela decisão de Bellintani é colocada quase exclusivamente no colo do governador Rui Costa (PT), a quem se acusa de falta de comando e coordenação do processo. As lideranças do partido que apostavam no nome de Bellintani para derrotar o candidato do prefeito dizem que montaram uma operação de guerra para estruturar sua candidatura no aguardo apenas de um sinal positivo do governador.

Rui, entretanto, na visão deles, teria se omitido ou jamais demonstrado interesse genuíno na idéia, preferindo atribuí-la a um delírio de marketing, embora tivesse flertado com o presidente do Bahia, como prova a decisão de tê-lo recebido na última segunda-feira. Segundo petistas e outros apoiadores do nome de Bellintani, o presidente do Bahia fez dois pedidos ao governador.

O primeiro era o de que não gostaria de ter que se filiar ao PT, já que havia percebido que isso poderia tirar-lhe votos. O segundo era de ajudá-lo a construir o apoio dos demais candidatos de partidos aliados do governador a ele, para o que pretendia negociar a indicação do nome do deputado federal Sargento Isidório (Avante) ou da deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) à sua vice.

Assim, Bellintani achava que poderia obter, por gravidade, o apoio do pré-candidato do Podemos, Bacelar, e abortar o projeto de candidatura própria do PT, em que era forte a resistência ao seu nome principalmente depois que começou a ganhar corpo internamente na legenda a proposta de lançamento de um candidado negro à Prefeitura de Salvador.

Rui não sinalizou no sentido de atender a nenhum dos dois apelos, indicando que não poderia interferir na decisão interna dos partidos nem dos seus candidatos. Por este motivo, Bellintani decidiu se encontrar com ACM Neto à noite, segundo figuras próximas ao presidente do Bahia, para comunicar que não seria mais candidato, embora
haja especulações de que, no encontro, ele tenha tentado inverter o jogo, tentando obter apoio do democrata para disputar.

Diante da convicção do prefeito de que seu candidato já havia sido escolhido, com base, inclusive, em resultados de pesquisas de intenções de voto, o presidente do Bahia percebeu que não havia chance de concorrer por seu lado. Dias depois Rui divulgaria que conversou com Bellintani e que ele deveria anunciar se sairia candidato até o fim do ano, como acabou acontecendo.