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Analista político Felippe Ramos 25 de janeiro de 2023 | 22:07

Para analista político baiano, BNDES pode emprestar a outros países desde que haja retorno

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O analista político Felippe Ramos avaliou, durante entrevista realizada na TV Band nesta terça-feira (24), que o eventual investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em países da América Latina como a Argentina e Cuba pode beneficiar o Brasil desde que haja nos projetos estimativas de sustentabilidade financeira, viabilidade e retorno dos investimentos.

“Tudo depende do modo como (o investimento) será desenhado na prática. A exportação de serviços brasileiros foi um dos motores que conduziu o crescimento econômico do Brasil há um tempo atrás, nos anos 2010”, comentou o analista político, que falou à TV a partir de Salvador.

Ele apontou, porém, uma diferença de cenário em relação ao período em que esse modelo de relação com os países da América Latina teve maior expressão, na década de 2010. “O Brasil tem hoje uma condição completamente distinta, depois de passar por algumas crises econômicas, pela própria conjuntura da economia internacional, que é uma conjuntura de juros altos, aumento de juros do FED, o banco central norte-americano. Para esses projetos como a Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos] acontecerem e ter algum efeito concreto, é preciso ter algum agente financiador. Havendo sobra de capital no BNDES é possível reexportar esse capital para países, [mas] com todas as garantias”, afirmou Ramos.

“Se o projeto tiver uma sustentabilidade financeira, uma viabilidade e um retorno, pode acontecer sem prejuízo para o Brasil. Muitas vezes se pensa que se deixa de fazer no Brasil para se fazer em outros países, mas não é isso. O BNDES, como qualquer banco, empresta para projetos que tenham viabilidade financeira e não tenham risco de calote”, salientou.

Ramos também pontuou que o reingresso do Brasil em organizações como a Celac representa muito, pois é o maior país em termos de território, população e PIB, o que significa para o bloco a possibilidade de uma retomada de relações de nível hemisférico. “[Mas] é algo muito mais simbólico e político que concreto”, afirmou, ao exemplificar que as ideias entre os países que compõem o bloco estão sendo discutidas mais bilateralmente que em bloco. Ramos declarou ainda que este momento representa uma “retomada do Brasil enquanto ator internacional bem recebido em todas as esferas; recentemente tivemos a participação da ministra Marina Silva, na cúpula do clima, no Egito”, lembrou.

Davi Lemos
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