Foto: Divulgação/Arquivo
Desembargador Roberto Frank, presidente do TRE, que patrocinou a candidatura derrotada ao TRE 31 de março de 2023 | 09:51

Insurgência contra “Quinto” e erro de Frank teriam assegurado vitória de Abelardo no TRE

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O desembargador Abelardo da Matta pode ter protagonizado a vitória mais acachapante dos últimos tempos para compor os quadros do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na eleição ocorrida na última quarta-feira envolvendo todo o pleno do Tribunal de Justiça da Bahia. Pelo menos é como avaliam os colegas, amigos e partidários de sua candidatura que conseguiram mobilizar os 38 votos históricos necessários a que tome posse na Corte Eleitoral nos próximos dias.

Resultado de conjunção favorável, a escolha de Abelardo pode ser atribuída, no entanto, a pelo menos três fortes motivos: o primeiro seria uma espécie de insurgência contra o chamado Quinto Constitucional, vagas destinadas à advocacia no TJ cujos indicados, historicamente, vêm assumindo um protagonismo na Corte baiana cada vez maior que gera enorme insatisfação nos quadros da magistratura raiz, originária dos juízes.

Não por acaso Abelardo derrotou Sérgio Cafezeiro, um ex-advogado, cujo número baixo de votos, 25, no entanto, seria explicado também por uma alegada reprovação da maioria dos colegas à postura alinhada ao governo do Estado que adotou na condição de juiz da propaganda nas últimas eleições, e, por extensão, seu padrinho político, o presidente do TRE, Roberto Frank, também oriundo da advocacia, cuja habilidade relacional é questionada pela maioria dos pares.

Segundo magistrados, não há como tirar das costas de Frank o peso da derrota de Cafezeiro porque ele fez campanha aberta para a escolha do colega à Corte, que chegou a lhe entregar o trabalho de articulação por seu nome enquanto viajava ao exterior. Ali, Frank esperava fazê-lo seu sucessor quando acabar o mandato na presidência do TRE, uma forma de assegurar o controle da Corte também sobre as eleições do ano que vem. Quando cravou, há cerca duas semanas, que Abelardo deveria ser eleito, este Política Livre chamou a atenção para um erro político de Frank.

Ele resolveu trabalhar sua candidatura ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra Jatahy Fonseca, que o apoiou para o TRE e, em seguida, ao seu padrinho, Mário Alberto Hirs, levando o colega, considerado um dos desembargadores mais hábeis do TJ, em resposta, a se juntar ao presidente do Tribunal de Justiça, Nilson Castelo Branco, a quem já havia feito oposição, e a lideranças emergentes no TJ, como Maurício Kertezman, ambos apontados como principais responsáveis pela expressiva votação de Abelardo.

O rastro de derrotas com a votação de Cafezeiro não foi pequeno. Além dele próprio e de Frank, que, emergindo profundamente machucados da contenda, hoje lambem as feridas, se saíram mal várias figuras de menor peso no Judiciário baiano que resolveram se envolver na campanha em favor dele. Mas a maior repercussão da derrota de Cafezeiro ocorre principalmente na própria Corte Eleitoral, onde o grupo de Castelo Branco passa a desfrutar de uma maioria da qual Frank até agora se vangloriava.

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