Foto: Reprodução/Instagram
O humorista Bruno Lambert 24 de abril de 2023 | 17:01

MBL presta apoio jurídico a comediante denunciado por Tabata por piada capacitista

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O Movimento Brasil Livre (MBL) está prestando apoio jurídico ao humorista Bruno Lambert, que se tornou alvo de um inquérito policial após fazer uma piada de teor capacitista durante um show de stand-up comedy. O grupo decidiu entrar no caso depois que a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) acionou o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra o comediante.

Durante uma apresentação, Lambert narrou aos espectadores uma ocasião em que teria se relacionado sexualmente com uma pessoa que fazia uso de cadeira de rodas. A situação foi descrita pelo humorista por meio de expressões depreciativas.

“Você já comeu uma cadeirante? Não, eu também não. Sabe por quê? Porque não dá”, disse, em determinado ponto do stand-up. “Coloquei ela de quatro aqui, ela murchava. Aí você tinha que pegar ela aqui, abaixa… Parece crossfit, entendeu?”, continuou.

Ele ainda se referiu à personagem de sua história como “tortinha”. Um trecho da apresentação foi registrado em vídeo e publicado pelo humorista em seu perfil no Instagram.

Na semana passada, dois advogados do MBL obtiveram, na Justiça, a suspensão liminar (provisória) de uma investigação contra Bruno Lambert motivada por suas falas. O inquérito foi aberto após uma solicitação do Ministério Público paulista.

À 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, os defensores afirmaram que o humorista “passou a ser midiaticamente perseguido pela deputada federal Tabata Amaral” e negaram que ele tenha incorrido em qualquer tipo de prática discriminatória.

“Quem se apresenta em show de comédia tem como objetivo fazer as pessoas rirem e se divertir. A comédia é uma expressão artística tão antiga e importante quanto o drama”, afirmaram os advogados Catalina Soifer e Luiz Felipe da Rocha Azevedo Panelli, contratados pelo MBL.

“O que o paciente [Bruno Lambert] pretendeu foi fazer as pessoas rirem por meio da narrativa de uma situação específica —uma suposta relação sexual que ele manteve com uma cadeirante—, e não propagar qualquer forma de preconceito”, disseram ainda.

O desembargador Ivo de Almeida acatou o pedido feito pelos advogados e suspendeu o andamento do inquérito policial contra Lambert, que tramitava na 1ª Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência, em São Paulo.

“A questão se revela, deveras, polêmica, merecendo análise mais aprofundada, a tempo e modo, pela douta turma julgadora”, concluiu o magistrado.

Em representação acatada pelo Ministério Público de São Paulo, a deputada Tabata Amaral afirmou que, além do capacitismo —como é chamada a discriminação contra pessoas com deficiência—, as afirmações feitas pelo humorista denotaram “um machismo latente” pela forma “explícita” e “jocosa” como ele descreveu a suposta relação sexual com uma mulher.

“Trata-se evidentemente de uma discriminação e tratamento degradante para com as pessoas com deficiência. Basta fazer o seguinte questionamento: caso a mulher na ‘piada’ não possuísse deficiência motora, haveria graça no ‘humor’ proferido pelo ‘comediante’? É um conteúdo discriminatório”, disse a parlamentar.

Em março deste ano, após a repercussão do caso, Bruno Lambert chegou a agradecer o MBL em suas redes sociais pelo apoio que vinha recebendo do grupo.

“Tem muitos do MBL me defendendo por conta da injustiça que me foi feita, agradeço demais a ajuda e por terem criado esse movimento MBL = Movimento Bruno Lambert”, escreveu nas redes.

Mônica Bergamo/Folhapress
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