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O ex-ministro João Roma 20 de abril de 2023 | 08:09

Os apelos de João Roma e do MDB na sucessão de 2024, por Raul Monteiro*

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Além de ter garantido o prolongamento no poder estadual do PT, o resultado das últimas eleições na Bahia marcou a criação de uma nova correlação de forças políticas no Estado que deverá ter impacto significativo na sucessão municipal do ano que vem. O primeiro movimento envolveu o MDB, dos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima. O partido deixou a base do ex-prefeito e então candidato a governador ACM Neto, do União Brasil, para se associar à candidatura ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT), que acabou vitoriosa. A mudança de lado favoreceu o candidato que ganhou e, ainda mais, a legenda.

Afinal, faltando poucos meses para o pleito, os emedebistas trocaram um nome que se apresentava como favorito por outro que ainda claudicava nas pesquisas, o que, sem desmerecer o trabalho que realizaram pela vitória do petista, fortaleceu a ideia de que tiveram grande influência no resultado eleitoral. O envolvimento certeiro tem sido até agora recompensado com espaços generosos na máquina estadual na gestão de Jerônimo, dos quais os emedebistas não parecem se queixar. Se o partido vai dar apoio automático à candidatura do grupo liderado pelo PT à Prefeitura de Salvador no ano que vem é outra história.

Aliás, a possibilidade de não fazê-lo na largada, optando, num primeiro momento, por lançar um nome próprio para a disputa só reforçará sua condição de força autônoma cuja atuação pode, alegadamente de novo, pautar o desfecho do próximo pleito municipal. O caso é parecido com o do ex-deputado João Roma (PL) que, numa atitude surpreendente, jogou anos de amizade e apoio político recebidos de ACM Neto para se transformar em ministro do então presidente Jair Bolsonaro (PL), contrariando a posição pessoal e os planos políticos do aliado, de quem atuou como assessor desde que chegou à Bahia.

Sabendo que sua decisão representara um rompimento político praticamente definitivo com o ex-prefeito, Roma lançou-se também ao governo, vindo a se firmar, também para surpresa geral, como o maior algoz de Neto na campanha passada. Hoje, as especulações em torno do que fará em 2024 frente às forças constituídas do próprio Neto, representada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil), e do PT, variam. Como é pouco provável que entre de novo tão cedo numa corrida majoritária, ele tem como opções apoiar um nome do próprio partido para marcar posição ou a candidatura à reeleição de Bruno Reis.

Tudo indica que concorrer diretamente ele não vai porque corre o risco de eliminar o pequeno capital político que amealhou ao ter participado do pleito passado. Por outro lado, se é verdade que Roma conseguiu agregar o eleitorado conservador no Estado postando-se, nas últimas eleições, como representante do bolsonarismo, não faz sentido Bruno abrir mão de seu eventual apoio, ainda que seja improvável que o segmento que o apoiou possa marchar na direção da candidatura liderada pelo PT. Para o prefeito, é melhor que Roma o apóie do que ver o PL apresentando nome próprio ao pleito.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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