Foto: Montagem Política Livre
PT tem interesse em indicar vice de Trindade 13 de julho de 2023 | 07:54

Com nome de candidato definido em Salvador, Jerônimo, Rui e Wagner divergem em relação a partido, por Raul Monteiro*

exclusivas

Há sinais no ar de que, embora fechados com a ideia de que o grupo governista deve apresentar um candidato único e competitivo à Prefeitura de Salvador em 2024, o senador Jaques Wagner, o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o governador Jerônimo Rodrigues possuem divergências em relação à melhor estratégia para fazer o enfrentamento ao prefeito Bruno Reis (União Brasil), cujo favoritismo, no entanto, é um consenso entre os três e, na visão deles, só deve aumentar se o grupo repetir os mesmos erros que cometeu nas últimas disputas na capital. Na prática, Jerônimo, Rui e Wagner têm um mesmo candidato ao Palácio Thomé de Souza.

Ele responde pelo nome de José Trindade (PSB) e não por acaso foi colocado no comando da Conder, uma empresa estadual que, pela capacidade de execução e intervenção nos municípios, é considerada um sonho para quem planeja disputar Prefeituras. Empoderado pela simpatia com que conta na cúpula do PT baiano e de pés ligeiros, ele já conseguiu articular, a 16 meses da sucessão municipal, um arco de alianças que o coloca à frente de todos os outros eventuais concorrentes no mesmo campo. O principal problema de seu projeto, hoje, se resumiria à definição, junto com o seu time mais próximo, do partido pelo qual deve concorrer à Prefeitura.

Dadas as relações pessoais com Rui e Jerônimo, Trindade não teria o menor problema em se lançar à corrida municipal no PSB que, além de tudo, é uma sigla aliada de primeira hora do petismo na Bahia, comandada no Estado pela respeitada deputada federal Lídice da Mata, uma espécie de um xodó da trinca que manda no PT. Mas enquanto o ministro e o governador dão a entender, em conversas reservadas, que gostariam de vê-lo concorrendo pelo partido do governo, o time mais próximo do senador faz planos mais amplos, apostando em mantê-lo na legenda socialista. O interesse está longe de ser um demérito para o presidente da Conder.

Muito pelo contrário, passa pelo desejo de maximizar sua participação na disputa municipal reservando para sua vice um quadro genuinamente petista. Hoje, as atenções se voltariam, no grupo de Wagner, para o nome do presidente estadual da legenda, Éden Valadares. Queridinho do senador, de quem foi assessor por anos até assumir o comando do PT, em 2019, atendendo exatamente a interesses do líder petista, Éden tem assumido um protagonismo nas discussões sobre a indicação do candidato em Salvador típico, na avaliação de quem o conhece, de alguém que deseja, imensamente, ocupar um lugar de destaque na chapa majoritária.

Como sabe que não haverá restrições, pelo lado petista, a que a cabeça da chapa seja entregue a um aliado e, também, que não tem condições de impor seu nome para liderar a disputa, o melhor seria armá-la mantendo Trindade como candidato a prefeito, mas na legenda de Lídice. Éden pode estar buscando influir na decisão de forma autônoma, sem o aval de Wagner? Pode. Mas, no PT, todo mundo considera que não faria qualquer gestão neste ou em qualquer outro sentido, sozinho. Quanto a Trindade, está muito bem acomodado no PSB. Mas concorrer sob o PT, repetindo é 13, 13, 13, 13, 13 com Lula, Jerônimo, Wagner e Rui ao lado, não seria nada mal.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
Comentários