18 janeiro 2025
O PCdoB deve lançar o deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB) como candidato ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) mesmo sem o respaldo do Executivo e contra o deputado estadual Paulo Rangel (PT), favorito na disputa por ter reunido o apoio dos principais partidos e blocos governistas na Assembleia Legislativa – embora isso não se traduza automaticamente em votos. Para se inscrever, o comunista contará com uma “forcinha” da oposição.
Na última quarta-feira (20), em encontro com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), o PCdoB cobrou do chefe do Executivo estadual o cumprimento de um acordo que teria sido firmado em janeiro deste ano para que Fabrício Falcão retirasse, na época, a candidatura ao TCM em favor da ex-primeira-dama Aline Peixoto, que acabou assumindo a cadeira na Corte do conselheiro aposentado Raimundo Moreira. Em troca, o comunista seria o candidato do governador para suceder o conselheiro Fernando Vita, que se aposentou esta semana.
Como revelou o Política Livre, o porta-voz do PCdoB neste encontro com Jerônimo foi o secretário estadual de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Davidson Magalhães, até pouco tempo presidente da sigla na Bahia. Durante a reunião do conselho político, na quinta (21), no Palácio de Ondina, o mesmo Davidson cobrou novamente uma posição do governador. Pedidos neste sentido foram feitos também a deputados presentes na confraternização que aconteceu logo depois, no mesmo local. Jerônimo prometeu analisar o pleito.
Para se inscrever candidato ao TCM, são necessárias, no mínimo, 13 assinaturas dos 63 parlamentares da Assembleia. Sob o aspecto puramente matemático, a composição de forças na Casa é a seguinte: a base governista conta com 42 membros, os oposicionistas com 20 e o deputado Hilton Coelho (Psol) é o independente.
Segundo apurou o site, Fabrício reuniria hoje, para garantir a inscrição, o apoio de toda a bancada do PCdoB – formada por ele e pelos deputados Zó, Bobô e Olívia Santana -, do deputado Hilton Coelho e de pelo menos mais três governistas.
Para completar o número mínimo de assinaturas, o comunista contaria, num cenário em que seja mais uma vez preterido pelo governador, com o apoio de parte da oposição, numa articulação que está em pleno andamento.
A bancada da minoria já garantiu 19 assinaturas para lançar o ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) – só quem não se comprometeu até aqui do bloco foi o deputado Marcinho Oliveira (União). Desse total, no entanto, a oposição estaria disposta a “ceder” até cinco parlamentares, que assinariam a lista de Fabrício sem prejudicar a inscrição de Nilo.
Se isso ocorrer, a disputa terá dois candidatos da base do governo, cenário que Jerônimo busca evitar até para evitar ampliar as chances de vitória de Marcelo Nilo, que foi presidente da Assembleia por cinco vezes e tem trânsito entre todos os parlamentares.
É importante pontuar que o ato de um parlamentar assinar para um candidato se inscrever não significa necessariamente o voto, que é secreto e só é dado na eleição, que deve ocorrer, no plenário da Assembleia, entre fevereiro e março de 2024. Conquista a cadeira no TCM quem tiver no mínimo 32 votos. Para isso, são realizadas até três votações.
Além do PCdoB, Jerônimo também tem sido pressionado pelo lobby em favor de Paulo Rangel, que é maior. Além do apoio do PT, maior partido da base, o parlamentar já obteve o respaldo do PSD e dos dois blocos informais (G8 e G+) que somam 16 deputados na Assembleia. Só aí o petista teria asseguradas 34 assinaturas. Entretanto, tanto Fabrício Falcão quanto Marcelo Nilo contam com o compromisso de voto entre alguns desses parlamentares no trato pessoal e apostando em eventuais insatisfações com o Executivo.
Paulo Rangel tem ainda o apoio dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD), mesmo com o risco que este segundo corre de perder influência política sobre o tribunal. Otto, por sinal, já sinalizou que o partido dele vai querer a próxima vaga aberta em um dos tribunais de contas, por meio da indicação do secretário estadual de Infraestrutura, Sérgio Brito, que é deputado federal licenciado pelo PSD. Isso deve ocorrer em 2025.
Vale lembrar que o deputado estadual Roberto Carlos (PV) ainda não retirou a candidatura ao TCM, como já fez o colega Rogério Andrade (MDB), que pertencia ao G+. O PV possui, além do candidato, mais três deputados – Vitor Bonfim, Marquinho Viana e Ludmilla Fiscina. Todos os “players” aguardam um posicionamento de Jerônimo, que terá papel central na disputa.
Política Livre