Foto: Arte Política Livre
11 de setembro de 2024 | 09:45

Radar do Poder: Elmar sai da entoca, a má vontade de Rui com Geraldinho, o fundo do União Brasil e a juíza grosseira

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Saiu da toca

Diante do desespero de ver o “doce” escapulir das mãos, o deputado Elmar Nascimento (União) foi obrigado a mudar totalmente de estratégia na disputa pela presidência da Câmara. Ao perder o apoio do atual ocupante do cargo, o ex-amigo Arthur Lira (PP-AL), Elmar, que antes atuava em silêncio nas articulações, apesar das festas de arromba, agora divulga os movimentos nas redes sociais e na imprensa. A estratégia é para mostrar, inclusive a Lira, que está vivo na briga, dialogando com as diversas forças.

Mesma legenda

Entre segunda (09) e terça (10), Elmar publicou três fotos no Instagram para revelar reuniões com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com lideranças nacionais do PSDB, do Cidadania, do PDT e do Avante e com o deputado Antonio Brito (PSD), outro postulante à presidência da Câmara. Aliás, para mostrar a “união pelo Brasil” entre os baianos – será candidato quem se mostrar o mais competitivo – os dois publicaram exatamente a mesma legenda sobre o encontro de segunda.

Proposta antiga

Justiça seja feita, no dia 25 de março deste ano, em entrevista exclusiva ao Política Livre, Elmar, que deve se reunir nesta quarta (11) com o presidente Lula (PT) para tratar da sucessão na Câmara, já defendia o mesmo pacto com Brito (clique aqui para ler). “Eu acho que, no momento certo, podemos sentar com Antonio Brito e discutir que deve ser candidato aquele que reunir o maior número de apoiadores. Quem tiver melhor colocado apoia o outro. Vamos tratar disso mais adiante”, afirmou, na ocasião.

Champagne na Vitória

Líder do MDB baiano, Geddel Vieira Lima não deixou de provocar Elmar Nascimento pela reviravolta na sucessão da Câmara. Ele insinuou que o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil, estaria, no fundo, comemorando a derrocada do aliado. “Hoje é dia de muito Champagne no Corredor da Vitória”, escreveu o cacique emedebista nas redes sociais. Geddel também já descartou, no cenário atual, depois da candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o apoio do MDB a Elmar.

Má vontade ministerial

O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), sempre disse que não teria tempo de participar presencialmente da campanha de Geraldo Júnior (MDB) em Salvador, por conta da agenda em Brasília. Porém, encontrou uma brecha para “correr trecho” no interior. Na semana passada, esteve em atos de aliados em Camaçari, com Luiz Caetano (PT), e Valença, com Marcos Medrado (PV). Ao menos, para animar o “azarão” emedebista, o PT doou mais de R$1 milhão à sua campanha, o que não estava previsto.

Fila da regulação

Quem também participou do mesmo ato de campanha em Valença foi a secretária estadual de Saúde, Roberta Santana, que foi criticada até por parlamentares da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) na Assembleia. “Enquanto a secretária só pensa agora em eleição, a fila da regulação aumenta e as demandas dos deputados não são atendidas”, afirmou à coluna um indignado aliado do Palácio de Ondina.

Matar a saudade

Por falar em Geraldo Júnior, chegou à coluna a informação de que o vice-governador anda telefonando para antigos aliados em Salvador tentando forçar encontros cordiais para colocar a conversa em dia. Em alguns casos, o emedebista tem até insistido, apesar das negativas. Um desses ex-aliados do emedebista, que apoia a reeleição do prefeito Bruno Reis (União), afirmou que até topa “matar a saudade”, mas, claro, depois da eleição, para não confundir as coisas.

Encanto de Fabya

Quanto mais a campanha municipal em Salvador avança, mais o marketing se encanta com a candidata a vice-prefeita Fabya Reis (PT) e desencanta com o cabeça da chapa, Geraldo Júnior. Preparada, autêntica e, acima de tudo, disciplinada, a petista tem prestado apoio inestimável à equipe encarregada de fazer os programas, levando a um questionamento simples: por que ela não foi escolhida prefeiturável?

Cadê o fundo?

Dos seis vereadores do União Brasil na Câmara Municipal, até agora apenas dois – Duda Sanches e Kiki Bispo – haviam recebido recursos do partido para a campanha, o que é motivo de queixa na sigla. Duda, que é apontado como possível campeão de votos da legenda, foi contemplado com generosos R$ 371,6 mil, enquanto Kiki, líder de Bruno Reis na Câmara, com apenas R$ 48,9 mil. Por outro lado, há candidatos sem mandato que já foram beneficiados, a exemplo de Binho de Ganso, que abocanhou R$ 293,4 mil.

Rápido no gatilho

Por falar em fundo eleitoral, o PSD superou todos os demais partidos na Bahia quando o assunto foi a rápida distribuição dos recursos para os candidatos. Até dirigentes de outras agremiações reconhecem o mérito da legenda comandada no Estado pelo senador Otto Alencar. Reside aí, inclusive, parte do sucesso eleitoral do PSD, hoje a maior sigla da Bahia. E Otto ainda se gaba de que o diretório estadual não deve uma multa à Justiça Eleitoral, nem por descumprimento de cotas.

Sob medida

Foi feita sob medida para o deputado Pablo Roberto (PSDB) a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apresentado pelo deputado Manoel Rocha (União) na Assembleia que permite aos parlamentares tirarem licença para assumir secretarias em municípios do interior. Hoje, isso é permitido apenas no Estado e na capital. Assim, o tucano não precisaria tomar posse como vice-prefeito de Feira caso seja eleito na chapa de José Ronaldo (União). O plano é cogitado, conforme revelou a coluna na semana passada (clique aqui para entender).

Planos municipais

Outros dois deputados estaduais podem ser beneficiados com a PEC de Manoel Rocha, que será aprovada após as eleições municipais: Tiago Correia (PSDB) e Jordáveio Ramos (PSDB). O primeiro cogita ser o sucessor da prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União), que disputa a reeleição. O outro teria interesse em ajudar mais de perto a gestão da mãe, Suzana Ramos (PSDB), em Juazeiro. Assim, ambos estariam liberados para serem secretários municipais sem perder o mandato.

Estranha e grosseira

Quem tem levado estresse ao ambiente do Tribunal de Justiça da Bahia, desagradando os próprios colegas e servidores, os quais invariavelmente destrata, é uma juíza escolhida para substituir desembargadores. O clima está tão ruim que servidores e até magistrados já pensam em fazer um apelo para que a juíza saia da lista de substituições, uma vez que queixas contra ela não faltam, indo da grosseria até a prática de procedimentos considerados esdrúxulos em suas decisões.

Tapar o nariz

Depois de ter traído Luiz Viana na eleição passada da OAB, o advogado André Godinho, cuja vitória num processo milionário contra a Petrobras ainda repercute nacionalmente, volta a se aproximar do grupo do ex-presidente, oferecendo apoio à chapa à reeleição de Daniela Borges. No time de Viana, a ordem é tapar o nariz e acolhê-lo, porque, afinal, apoio não se rejeita.

Traição no sangue

Nos meios jurídicos, o que se conta é que Godinho rompeu com Viana, de quem sempre fora aliado, e se engajou na campanha da chapa adversária na sucessão passada com o único objetivo de obter apoio para concorrer a uma vaga no STJ dos segmentos da OAB nacional que pretendiam destruir politicamente o ex-presidente local. No dia seguinte à eleição na Bahia, com a traição no sangue, seu grupo já abria oposição à candidatura que apoiou.

Pitaco

* O ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá, que fez diversas doações a candidatos e partidos nas eleições na Bahia, como mostrou a coluna na semana passada, contribuiu com R$100 mil para a direção nacional do MDB.

* Ao doar R$200 mil para a campanha do vereador de Salvador André Fraga, a direção nacional do PV deixou claro que a reeleição do edil, aliado de Bruno Reis, é mais importante do que a vitória de qualquer um dos sete candidatos a prefeito do partido.

* Para comparar, o PV nacional doou R$ 50 mil para a candidatura do velho conhecido Marcos Medrado à Prefeitura de Valença. O presidente da sigla na Bahia, Ivanilson Gomes, já havia revelado à coluna que este seria o valor para os “prefeituráveis”.

* O PCdoB também tem prioridades em Salvador. Ao mesmo tempo em que colocou R$ 500 mil para a candidata Aladilce, que tenta retornar à Câmara, destinou, individualmente, R$ 370 mil para os vereadores Augusto Vasconcelos e Hélio Ferreira.

* Vale lembrar que Aladilce tem uma madrinha federal forte no PCdoB: a deputada Alice Portugal.

* No MDB, o mandato também não parece importante para a distribuição do fundo eleitoral em Salvador. O vereador Joceval Rodrigues só ganhou, até aqui, R$ 15 mil, enquanto a candidata e ex-vereadora Ana Rita Tavares ficou com o dobro.

* A direção nacional do PL começou a liberar recursos do fundo eleitoral para seus candidatos na Bahia. Garantiu R$ 403 mil para Coronel França, em Teixeira de Freitas, e R$ 345 mil para o prefeito de Porto Seguro, Jânio Natal, que tenta a reeleição.

* Entretanto, o PL foi muito mais generoso com outro candidato que não é do partido: Flávio Matos, candidato a prefeito de Camaçari pelo União Brasil. Ele recebeu R$ 900 mil da legenda capitaneada na Bahia por João Roma.

* Por falar em Camaçari, o deputado estadual Júnior Muniz (PT) anda apostando que o aliado Luiz Caetano (PT) vence a eleição com 15 a 20 mil votos de frente em relação a vereador Flávio Matos (União).

* Otto Alencar esteve em Juazeiro nesta terça (10) para um ato de campanha do candidato do PSD, Celso Carvalho, filho do ex-prefeito Isaac Carvalho. O senador reafirmou que a divisão local na base de Jerônimo não afeta a aliança estadual.

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