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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em manifestação na Avenida Paulista 05 de abril de 2025 | 18:46

Lista de discursos na Paulista terá novidades e acusações de ‘injustiça’ e ‘perseguição’ a Bolsonaro

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O ato de domingo, 6, na Avenida Paulista terá duas mensagens principais para sustentar a defesa da anistia: de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é alvo de “perseguição política” para tirá-lo das eleições de 2026 e que os condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro são vítimas de “injustiça” do Supremo Tribunal Federal (STF). Os bolsonaristas se esforçaram nas últimas semanas para manter a pauta em destaque e rejeitam a tese de que o perdão aos presos, que pode se estender a Bolsonaro caso ele seja condenado, não é prioridade para a população.

A esperança dos organizadores é que o ato ajude a pressionar tanto o STF a rever as penas já aplicadas quanto a Câmara dos Deputados, onde o projeto de lei da anistia tem enfrentado dificuldades para avançar. A decisão de Alexandre de Moraes no caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos é vista como um sinal de que a mobilização pode ter efeitos práticos.

Ela foi presa por participar do 8 de Janeiro e utilizar um batom para escrever “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça”. Depois de dois anos atrás das grades, Débora foi transferida pelo ministro para a prisão domiciliar na semana passada.

“O recuo do Moraes no caso da Débora ocorreu depois de uma enorme pressão popular. Ela foi para casa, mas ainda há dois votos muito duros pela condenação dela, do Moraes e do Flávio Dino”, disse Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado à reportagem. “Há um conjunto de circunstâncias que deixa claro para a população que há perseguição política. Por isso a necessidade de mantermos aceso na cabeça das pessoas o que está acontecendo”, acrescentou.

O batom utilizado pela cabeleireira se tornou símbolo da manifestação de domingo. Nos últimos dias, porém, o caso de outra mulher tem sido destacado pelo bolsonarismo. A manicure Eliene Amorim de Jesus participou do ato golpista em Brasília, mas foi presa dois meses depois, quando já havia retornado ao Maranhão. Ela está detida desde então no presídio de Pedrinhas, em São Luís (MA).

“Infelizmente, Débora não é um caso isolado. Existem muitas outras Déboras. Muitas outras mães afastadas arbitrariamente de seus filhos. Muitas jovens com a vida interrompida não por crime algum, mas pelo desejo de vingança de Alexandre de Moraes”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais na segunda-feira, 31, ao citar o caso de Eliene.

Segundo o ex-presidente, a ideia é que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) faça um discurso voltado para a “questão familiar” e argumente que há crianças sendo prejudicadas pois estão crescendo sem a presença dos pais. Embora o roteiro já seja conhecido, com discursos de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e o pastor Silas Malafaia, a lista de oradores terá novos integrantes em relação às manifestações anteriores, em uma tentativa de aumentar o espaço para as mulheres ao microfone.

“O caso da Débora mobilizou o País porque escancarou a desproporcionalidade das penas aplicadas contra pessoas comuns, trabalhadores que foram tratados como criminosos perigosos”, declarou a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), que promete um discurso em defesa das liberdades individuais. “Mas não [manifestamos] apenas por ela. Também por Clezão e pelas 1.500 famílias afetadas pela injustiça, por aqueles que foram presos sem o devido processo legal, sem a individualização da pena e vítimas de outras arbitrariedades”, continuou a parlamentar.

Outras novidades são os governadores, do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Minas, Romeu Zema (Novo). O paranaense confirmou a presença nesta sexta-feira, após se encontrar com Bolsonaro, e, segundo sua assessoria, vai passar “rapidamente”, no começo da manifestação, antes de uma viagem aos Estados Unidos. Já Zema, ausente das últimas manifestações, passou a defender a anistia de forma mais veemente nas últimas semanas e tem dito a interlocutores que considera os casos de Bolsonaro e Débora mostram que o Judiciário tem agido com viés político. A expectativa é que ele adote a mesma linha ao falar na Paulista.

“O grande espírito do dia 6 é que nós queremos uma Justiça que não seja política”, disse Gianni Nogueira (PL-MS), vice-prefeita de Dourados (MS) que foi convidada a discursar pelo próprio Bolsonaro. Pouco conhecida no cenário nacional, a advogada foi lançada pelo ex-presidente como pré-candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul na eleição de 2026.

Pedro Augusto Figueiredo/Estadão
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