8 junho 2025
Em meio à fragilidade da base aliada no Congresso, o Palácio do Planalto enfrenta dificuldades adicionais provocadas por disputas internas entre dois dos principais partidos do Centrão: PSD e União Brasil. A briga por mais espaço no governo e pela definição de candidaturas para 2026 tem gerado atritos constantes, complicando ainda mais o cenário político para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o recente afastamento do PDT, o governo tem buscado conter danos e evitar novos rompimentos. A estratégia mais recente envolve privilegiar o PSD, partido comandado por Gilberto Kassab, como forma de preservar o apoio de uma das siglas mais influentes da base. A decisão, no entanto, pode aprofundar a crise com o União Brasil, que já demonstrou insatisfação em episódios recentes — como o veto da bancada na Câmara à indicação do deputado Pedro Lucas (MA) para o Ministério das Comunicações, no mês passado. A reportagem é do jornal “O Globo”.
A disputa, no entanto, vai além de cargos e envolve uma complexa mudança na correlação de forças no Legislativo. O fortalecimento da oposição e a recente formação da federação entre o PP e o União Brasil — partido do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (AP) — criaram um novo desafio para o Planalto, que tem adiado qualquer avanço na aguardada reforma ministerial.
No Senado, apesar de ser considerado hoje um dos principais aliados de Lula, Alcolumbre tem travado a análise de indicações do governo para agências reguladoras. Além disso, paralisou as votações no plenário como parte de uma disputa direta com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), envolvendo justamente nomeações nas agências.
Já na Câmara dos Deputados, o PSD busca ampliar sua participação no Executivo. O principal alvo é o Ministério do Turismo, atualmente sob comando de Celso Sabino, do União Brasil. Deputados do PSD chegaram a acreditar que teriam a chance de indicar um novo titular para a pasta e, contando com essa possibilidade, passaram a direcionar emendas parlamentares para o setor no início do ano.