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Às 9h05, a moeda americana subia 0,08%, a R$ 5,6520 26 de maio de 2025 | 10:45

Dólar abre estável após recuo de Trump em tarifas contra a União Europeia

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O dólar abriu estável nesta segunda-feira (26), com investidores repercutindo a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de adiar a implementação de tarifas de 50% sobre a UE (União Europeia), em dia de mercados fechados nos EUA.

Às 9h05, a moeda americana subia 0,08%, a R$ 5,6520. Na sexta-feira (23), após chegar a subir mais de 1% pela manhã, o dólar fechou com uma leve queda de 0,26%, a R$ 5,6455. Já a Bolsa encerrou com um avanço de 0,40%, a 137.824 pontos, revertendo a abertura mais negativa, quando chegou a despencar até 1,50%.

O cenário internacional continua no foco dos investidores. Na última sexta, Donald Trump disse que iria impor uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de junho. Segundo ele, a negociação comercial com a UE tem sido difícil.

A medida escalonou a guerra comercial com o bloco apenas duas semanas depois de os EUA concordarem com a China em reduzir tarifas em um pacto que confortou investidores globais.

Caso se confirme, a tarifa de 50% seria mais do que o dobro da taxa que o presidente dos EUA anunciou para a UE em seu autoproclamado Dia da Libertação em 2 de abril.

No domingo (25), contudo, Trump, em recuo parcial, estendeu o prazo para a medida comercial contra a UE entrar em vigor. De 1º de junho, a medida passará a vigorar em 9 de julho, dando mais tempo para as negociações avançarem.
Na semana passada, a divisa norte-americana acumulou queda de 0,38%, enquanto a Bolsa somou perdas de 1,12%.

Em uma sessão marcada por alta volatilidade, investidores reagiram ao recuo do governo Lula em relação a parte das medidas de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações cambiais. Os movimentos também tiveram como pano de fundo a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de tarifar os produtos da União Europeia em 50%.

Na quinta (22), com o mercado à vista de câmbio já fechado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) baixou um decreto para aumentar o IOF de uma série de operações de câmbio e crédito de empresas, com previsão de arrecadação de R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026. Também foi divulgado o congelamento de R$ 31,3 bilhões de despesas do Orçamento deste ano.

As mudanças leveram o dólar futuro a acelerar antes de seu fechamento, às 18h. Diante dessa repercussão negativa no mercado financeiro, o governo chamou uma reunião de emergência ainda na noite de quinta e decidiu rever dois pontos da medida sobre o IOF.

Em um dos pontos, reverteu para zero uma alíquota de 3,5% anunciada na véspera sobre aplicações de fundos de investimentos do Brasil em ativos. A mudança deve reduzir o ganho de arrecadação em aproximadamente R$ 6 bilhões até 2026.

As operações com cartões de crédito e débito internacionais, cartão pré-pago internacional, cheques de viagem para gastos pessoais, cuja alíquota passou de 3,38% para 3,5%, serão mantidas.

Na madrugada de sexta, antes da abertura dos mercados, um novo decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União. Mesmo com o alívio das medidas, as primeiras negociações desta sessão ainda refletiam as incertezas dos investidores com o cenário fiscal do governo. Na máxima do dia, às 10h26, o dólar chegou a disparar 1,50%, sendo cotado a R$ 5,745.

Mas ao longo da sessão, o dólar desacelerou alta com o mercado absorvendo o fato de que o Ministério da Fazenda voltou atrás no que era a medida cambial mais sensível —a cobrança de IOF em aplicações de fundos de investimento no exterior.

Em entrevistas a jornalistas em São Paulo na manhã desta sexta, Haddad afirmou que o governo não tem problema em corrigir rota, “desde que o rumo traçado pelo governo seja mantido”, após a pasta recuar de parte das medidas do IOF.

Segundo noticiou a Folha de S.Paulo, a decisão de recuar também foi motivada pelo receio de que o episódio pudesse repetir a experiência traumática da crise do Pix, em janeiro, quando a disseminação de fake news sobre o tema prejudicou a popularidade do presidente.

OPERAÇÕES INTERNACIONAIS

De acordo com o estrategista Felipe Paletta, da EQI Research, a decisão do governo de voltar atrás, principalmente na pauta do IOF para investimentos, trouxe bastante alívio, assim como a comunicação do governo de que não era intenção em nenhum momento qualquer tipo de controle de capitais.

“Houve uma recuperação mais sincronizada ao longo do dia e o Ibovespa apresentou um desempenho melhor”, disse.
Na perspectiva de Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o recuo do governo reforça a impressão de desorganização e falta de direção clara. “Isso mostra que não há muito norte, está realmente bagunçado.”

Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine, o aumento do IOF demonstra que o governo não está disposto a fazer um ajuste fiscal pela ótica de corte de gastos, mas pelo aumento de arrecadação de impostos, o que torna a medida uma ferramenta rápida, porém controversa, para o ajuste fiscal.

“Embora contribua para o equilíbrio fiscal, o uso do IOF como instrumento arrecadatório cria precedentes problemáticos e amplifica a percepção de incerteza tributária, especialmente num contexto em que os ajustes fiscais recaem cada vez mais sobre elevação da carga tributária”, afirmou.

No cenário internacional, a tarifação dos Estados Unidos contra a União Europeia esteve no radar dos investidores.
Isso porque o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na sexta que está recomendando uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de junho, afirmando que a negociação comercial com a UE tem sido difícil.

No domingo (25), contudo, Trump, em recuo parcial, estendeu o prazo para a medida comercial contra a UE entrar em vigor. De 1º de junho, a medida passará a vigorar em 9 de julho.

Diante disso, o cenário externo era de queda do dólar ante quase todas as demais divisas. O DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de outras seis moedas fortes, caiu 0,89% ao fim do pregão.

Enquanto a queda do dólar ante o real acompanhou a desvalorização global da divisa dos EUA, a Bolsa brasileira acabou descolando um pouco de Wall Street, onde os principais índices caíram nesta sexta-feira.

O S&P 500 perdeu 0,69%, para 5.801,92 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,98%, para 18.740,82 pontos. O Dow Jones caiu 0,59%, para 41.612,99 pontos. O indicador de volatilidade de Wall Street VIX, o “índice do medo”, atingiu a máxima de mais de duas semanas, subindo mais de 10,0%.

Estadão Conteúdo
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