26 novembro 2024
Falta de Solidariedade
Surtiram efeito as movimentações do Palácio Thomé de Souza para esvaziar a chapa de candidatos a vereador do Solidariedade, conforme antecipado por esta coluna na semana passada. Um dos principais pré-candidatos da sigla à Câmara, o ex-vereador Adriano Meirelles avisou que não fica mais no partido, que é comandado na Bahia pelo deputado estadual Luciano Araújo. A baixa é significativa, uma vez que Meirelles, em negociação para ingressar no PSDB, vinha atraindo candidatos à legenda, como sempre fez.
Racha aberto
Adriano Meirelles defendia que o Solidariedade lançasse, em Salvador, a candidatura da enfermeira Adriana Sena para a Prefeitura. Ela disputou uma cadeira para a Câmara Federal pelo partido em 2022, obtendo cerca de dez mil votos, mais da metade na capital – e já está no PSDB, por onde tentará uma cadeira de vereadora em outubro. O movimento, no entanto, foi barrado por Luciano Araújo a pedido do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o que provocou o racha.
Rejeitados
O grupo dissidente do Solidariedade rejeita o apoio à pré-candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que não teria oferecido nada em contrapartida. Como o prefeito Bruno Reis (União) não tem o menor interesse em retomar uma composição com o partido enquanto o mesmo estiver sob a batuta de Luciano Araújo – o antigo aliado é chamado de traidor no Palácio –, restou aos insatisfeitos apostar na candidatura própria, que seria uma solução “pro forma”.
Geraldinho “detonado”
Adriano Meirelles costuma “detonar” Geraldo Júnior nas conversas com outros políticos. Tem dito que o vice-governador não pode oferecer nada ao Solidariedade, que não sabe montar partido e que o único objetivo ao ser candidato a prefeito é ganhar visibilidade para concorrer a uma cadeira na Câmara Federal em 2026. Com tudo isso, o Solidariedade, que calculava eleger dois vereadores, pode ficar sem nenhum. Hoje, a sigla tem um único edil, Fábio Souza, que está migrando para o PRD.
Escada de “menudo”
Por outro lado, aqueles que pretendem trocar o Solidariedade pelo PSDB ou outro partido da base de Bruno Reis têm sido alertados por emissários de Luciano Araújo de que “estão fazendo escada para menudo”, ou seja, deixando de lado chances reais de vitória para ajudar candidatos mais fortes, se tornando meros figurantes (ou a rabada) do processo eleitoral.
Assédio
Um importante deputado federal aliado do governador Jerônimo Rodrigues (PT) andou ligando para o secretário de Governo da Prefeitura de Salvador, Cacá Leão (PP), pedindo encarecidamente para que Bruno Reis pare de “assediar” os pré-candidatos a vereador da oposição. Além do Solidariedade, a situação também está complicada em outros partidos da base de Jerônimo. No Avante, sequer há um princípio de “nominata”.
Sargento culpado
No Avante, o deputado federal Pastor Sargento Isidório é apontado como culpado pela legenda não ter uma chapa de candidatos a vereador de Salvador. O parlamentar, que foi pré-candidato a prefeito, não se mexeu um milímetro para cumprir a tarefa. Estaria ainda desmotivado por perder o comando estadual da sigla para o ex-deputado federal Ronaldo Carletto e por não ter mais a mesma força eleitoral de outrora na capital. Única vereadora do Avante na cidade, Débora Santana está de mudança para o PDT.
Alívio dos edis
Os vereadores da base de Bruno Reis ficaram aliviados ao saber que a secretária municipal de Política para as Mulheres, Infância e Juventude, Fernanda Lordêlo, próxima da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT), não vai disputar uma cadeira na Câmara Municipal este ano. As especulações cresceram após o prefeito levar Lordêlo a um evento do movimento de mulheres do União Brasil, no último dia 14. Quem também avisou que não será candidato é Jean Sacramento, Ouvidor da Prefeitura.
Coringa
Atual subsecretário da pasta de Mobilidade de Salvador, Kaio Moraes virou uma espécie de “coringa” para Bruno Reis diante da saída de secretárias e dirigentes pré-candidatos a vereador, por força da legislação eleitoral. Como a decisão do prefeito é preencher as vagas com pessoas que conhecem a máquina municipal, como foi revelado pelo Política Livre nesta terça (26), Kaio, que já foi secretário de Gestão e presidente da Limpurb, se torna uma opção para qualquer espaço vago.
Exército de prefeitos
Se engana quem pensa que o deputado federal Elmar Nascimento (União) só pensa na sucessão do amigo e deputado federal Arthur Lira (PP-AL). De olho também nas eleições municipais, o parlamentar tem planos ambiciosos: eleger ao menos 50 prefeitos ligados totalmente ou parcialmente a ele. Hoje, o número é de cerca de 30. Para isso, tem a força de quem lidera o maior partido na Câmara, controla a Codevasf e comanda a própria bancada na Assembleia Legislativa.
Mapa eleitoral
Elmar trabalha, por exemplo, pelas vitórias em outubro de dois deputados estaduais da bancada dele na Assembleia que são pré-candidatos a prefeito: Pancadinha (Solidariedade), em Itabuna, e Robinho (União), em Mucuri. Além disso, articula para manter ou emplacar aliados como gestores em Jacobina, Senhor do Bonfim, Conceição do Coité, Campo Formoso, Nova Viçosa, Cansanção, Valente, Santo Amaro e Madre de Deus, só para citar alguns municípios, entre grandes, médios e pequenos.
Adolfo governador
Como pretende disputar a Prefeitura de Salvador, a partir do dia 6 de abril Geraldo Júnior não pode mais, por força do calendário eleitoral, assumir interinamente a posição de governador. Em caso de ausência de Jerônimo por motivo de viagem internacional, por exemplo, o posto passará a ser ocupado pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adolfo Menezes (PSD). Por conta disso, o parlamentar promete viajar menos em 2024.
Sem sustos
Apoiadores da segunda reeleição de Adolfo ao comando da Assembleia não ficaram assustados com as recentes declarações de Jerônimo defendendo a alternância de Poder na Casa. “É natural que ele (o governador) queira fazer um gesto para o partido dele. Mas o PT não vai conseguir o que quer porque a Assembleia não aceita que o partido do presidente e do governador também comande o Legislativo. No máximo, podem garantir a vice-presidência, se houver acordo”, avaliou um deputado ligado a Adolfo.
Alan atendido
Líder da oposição na Assembleia e também nas queixas pelo não pagamento das emendas impositivas dos parlamentares, o deputado Alan Sanches (União) foi contemplado esta semana com uma ambulância entregue pelo governo. O veículo, fruto justamente de emenda parlamentar, foi destinado ao município de Barra do Rocha, gerido por um aliado de Alan. Durante a solenidade de entrega de diversas ambulâncias, esta semana, Jerônimo lamentou, de forma irônica, a ausência do oposicionista.
Fogo amigo
Líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT) tem sido alvo de intenso fogo amigo por conta das costuras eleitorais no interior. De uma vez só, ele tenta sepultar a pré-candidatura de Geraldo Simões (PT) em Itabuna e a da comunista Ró Valentim em São Francisco do Conde, além de lançar um bolsonarista como pré-candidato petista em Itapetinga e um “netista” em Una. Tudo em nome do próprio desempenho eleitoral em 2026.
Vices para Zé
Filiados ao PDT esta semana, o ex-deputado federal Sérgio Carneiro e o empresário Zé Chico se tornam opções para a vice de José Ronaldo (União) na disputa pela Prefeitura de Feira. A filiação foi feita pelo deputado federal Félix Mendonça, que comanda o ninho pedetista na Bahia, e pelo ex-prefeito de Araci e suplente de deputado estadual pela legenda Silva Neto. Zé Ronaldo teria preferência por Zé Chico, que recebeu mais de 35 mil votos apenas em Feira na eleição para deputado federal em 2022.
Pitacos
* Acusado de liderar uma milícia em Feira de Santana, o deputado Binho Galinha (PRD) reapareceu nesta terça (26) no plenário da Assembleia. Conversou com os colegas Alan Sanches (União), Sandro Régis (União) e Samuel Júnior (Republicanos).
* Até agora, por sinal, o líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto (PT), não indicou os membros da maioria para o Conselho de Ética da Casa, mesmo tendo prometido fazê-lo.
* Elmar Nascimento convidou o ex-deputado federal José Carlos Araújo (PDT) para ocupar um cargo no Ministério das Comunicações. Araújo agradeceu, mas negou a oferta. Disse que prefere ficar mais tempo na Bahia nesse ano de disputa eleitoral.
* Uma das campanhas que José Carlos Araújo pretende acompanhar de perto é a da própria filha, a prefeita de Morro do Chapéu, Juliana Araújo (PDT), postulante à reeleição.
* Aliás, em 2022, Juliana tinha o compromisso de apoiar Elmar para deputado, mesmo o pai sendo candidato a uma cadeira na Câmara. “Eu ia honrar o compromisso, mas o próprio Elmar disse que eu não poderia deixar de apoiar o meu pai”, conta a prefeita.
* O vereador Isnard Araújo acertou a permanência no PL com o presidente da sigla na Bahia, o ex-ministro João Roma. A tendência é que o mesmo ocorra com o vereador Alexandre Aleluia, que não teve sucesso na tentativa de trocar da sigla.
* A avaliação é que, mesmo não querendo Aleluia no partido, Roma dificilmente tiraria a legenda do vereador na disputa pela reeleição. Seria uma atitude por demais drástica. Bruno Reis intermedia uma solução para o aliado, que se afastou do bolsonarismo.
* O vereador de Salvador Randerson Leal, que vai sair do PDT, tem mantido conversas com o Podemos e o PSB.
* No mundo político de Juazeiro, ninguém acredita que o ex-prefeito Joseph Bandeira (PSB) rompeu com a atual prefeita Suzana Ramos (PSDB). Além do filho vice-prefeito, ele ainda mantém a esposa e ex-vereadora Flor de Maria ocupando cargo na gestão.
* Joseph se coloca como um dos pré-candidatos a prefeito de Juazeiro do grupo do governador Jerônimo Rodrigues. Outro postulante da base aliada, o deputado estadual Roberto Carlos (PV) também tinha cargos na Prefeitura, mas os entregou e rompeu.
Política Livre