Foto: Divulgação/Arquivo
Geraldo Jr. tenta repetir feito de Jerônimo em 2022 19 de setembro de 2024 | 08:46

A história da carochinha de que Geraldo vai repetir Jerônimo, por Raul Monteiro*

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A despeito dos eventos ou compromissos continuamente adiados, da ausência até agora de material com seu nome nas ruas e dos péssimos índices nas pesquisas – a Quaest de ontem aferiu vexatórios 7% das intenções de voto para ele -, o que configura um quadro de quase não-campanha do lado do governo, ainda há incautos desejando acreditar que há similaridades entre as candidaturas, agora, de Geraldo Jr. (MDB) à Prefeitura de Salvador, e as eleições de 2022, quando Jerônimo Rodrigues (PT), puxado por Lula, deu a volta por cima e conseguiu se eleger governador praticamente na boca da disputa, surpreendendo a quase todo mundo.

Quem insiste na tese de que a história vai se repetir, aposta, naturalmente e de forma deliberada, numa farsa. Afinal, eleições municipais têm caráter mais administrativo do que político, o que significa que o eleitor busca mais um bom síndico para a cidade do que uma liderança inconteste, Geraldo está longe de parecer, em todos os aspectos possíveis e ponderáveis, para felicidade do próprio Jerônimo, com o governador da Bahia e, além disso, como a disputa é descasada da sucessão presidencial, não há Santo Lula ou qualquer outro que consiga puxar quem quer que seja num embate municipal.

Para completar, quando se busca associar a figura do presidente da República à do emedebista na propaganda na TV o primeiro sentimento gerado é o de estranheza, dada a nítida associação eleitoreira e oportunista de última hora que o marketing tenta produzir entre dois elementos que, tal como água e óleo, decididamente não se misturam. Também pudera. Não há lastro, representado por trajetória ou mesmo conduta política, capaz de produzir qualquer verossimilhança sobre uma unidade entre Lula e o vice-governador e ex-vereador que, por conveniência fisiológica, sempre atuou no campo da centro-direita.

Mas há ainda outro item que não pode ficar de fora de uma cesta de análise que rejeite o completo nonsense de qualquer comparação entre a trajetória eleitoral de Geraldo Jr., agora, e aquela que levou à vitória que Jerônimo protagonizou dois anos atrás. As pesquisas de intenções de voto sobre a sucessão em Salvador, pelo menos nas últimas eleições municipais, nunca mentiram. Pelo contrário, chegaram a indicar, com nível de precisão surpreendente, os resultados que emergiriam das urnas. Em 2016, por exemplo, ACM Neto (União Brasil) concorreu à reeleição e venceu com 73,99% dos votos, confirmando uma Ibope divulgada pela TV Bahia na véspera do pleito.

Quatro anos depois, quando o então vice-prefeito Bruno Reis (União Brasil), candidato à sucessão de ACM Neto apoiado pelo então prefeito, saiu vitorioso, o mesmo padrão de acerto se repetiu. Bruno foi eleito com 64,2% dos votos, exatamente dentro do previsto pelo Ibope, que uma semana antes das eleições indicava o candidato com 66%. Duas semanas antes, uma pesquisa do RealTime Big Data já apontava o favoritismo dele, com 57%, mostrando uma liderança consolidada ao longo da campanha. Só para lembrar a Quaest de ontem: Bruno tem 87% dos votos válidos e Geraldo 7%, em empate técnico com Kleber Rosa, do PSOL, que surge com 4,7%. Dá-lhe Kleber!

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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