João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Autonomia docente

O professor sabe que o aluno é, ao mesmo tempo, o ponto de partida e o de chegada. Entende ainda que o conhecimento que integra sua bagagem intelectual é o instrumento de trabalho a ser manejado em conjunto com os alunos e a escola. Quando os homens amadurecem de verdade se percebem como seres inacabados, em mutação, em constante aprendizado. O debate com o outro, a convivência com os alunos, as reuniões enriquecedoras nas escolas tem sempre a ensinar e a trazer novos saberes e reflexões.

Quando se fala em autonomia do professor há de se pensar, de início, no termo derivado de um vocábulo grego que significa a capacidade de se reger pelas próprias leis. Se nem sempre podemos contar com o cenário ideal para aprendizagem como deixar que sozinho o professor seja responsável pela formação do aluno? É uma responsabilidade coletiva em que deve ser priorizado o ambiente que em muito vai contribuir para construção das diretrizes, da metodologia, do processo de avaliação e da adaptação do professor e do aluno como numa corrente em que todos os elos tem que estar engajados para revelar sua utilidade.

Qualquer atividade desenvolvida em sala de aula deve trazer incluso um objetivo pedagógico. Atualmente, os professores tem se esmerado em descobrir novas metodologias e didáticas eficientes para atrair a atenção, ser um campeão de audiência, como ensina o livro do especialista Doug Lemov. É necessário se comunicar de forma eficiente, esperta, sedutora. Não é fácil. Formar alunos questionadores, curiosos por um melhor conhecimento exige maior disciplina do docente, maior dedicação.

Cabe à escola também procurar debater com o professor, evitar os conteúdos cristalizados, uma vez que é sabido que o conhecimento é dinâmico. A programação elaborada deve sim ser uma referência, um norte. Se não existirem os protocolos podem também os professores correrem o risco capital de retransmitirem a seus alunos suas concepções ideológicas, pessoais e isso refletir em resultado diferente do esperado. O professor pode ser o modelo mas não pode ser dono da verdade, tem que abrir chances para o sentimento de curiosidade de seus alunos, deixá-los descobrir o mundo.

O conceito de ensinar está envolto em padrões mínimos estipulados para a profissão como basicamente se pautam todos os outros ofícios. Parâmetros, procedimentos que possam levar ao sucesso educativo das turmas independente da faixa etária.

A autonomia pura não pode ser discutida de forma simplista mas todas as vertentes tem que ser dissecadas como a formação inicial e continuada, a comunidade onde está inserida a escola, o estilo de aprendizagem daqueles alunos, a discussão ampla dos conteúdos. A fórmula é mais ou menos essa: 90% de transpiração + 10% de inspiração. Entendemos que o professor é em sua grande maioria um profissional consciente mas a ação pode melhorar se o pensamento estiver aberto a diálogos e sugestões para alcançarmos uma educação de maior qualidade para todos.

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