23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
Um dado nacional e alarmante motivou a prefeitura de Salvador a reprogramar a educação pública da cidade. De acordo com o Censo da Educação Brasileira de 2013 mais de 8,5 milhões de alunos no país frequentam a escola com atraso de pelo menos dois anos.
Para reverter o quadro, desde o ano passado toda a rede municipal passou a ser preparada para a construção do sistema estruturado de ensino com o objetivo de elevar o nível de desempenho acadêmico dos alunos.
Quase a metade das escolas optaram em aderir às Classes Especiais de Alfabetização que utilizam os livros do Programa de Regularização do Fluxo Escolar com objetivo de proporcionar a evolução de alunos não alfabetizados no tempo certo além da correção da defasagem idade-série.
Foram contratados estagiários de Letras e Pedagogia para implementar ações coordenadas nas salas de aula com até 10 alunos. Passaram a ser trabalhadas dificuldades específicas como a contextualização de palavras. A criatividade dos estudantes constantemente é desafiada ampliando o espírito crítico e o senso de observação dos mesmos.
Passado um ano após a implantação do programa os resultados são nítidos. O campo de ação dos alunos foi ampliado e além da elevação das notas eles demonstram uma autoestima renovada; passaram a acreditar no próprio potencial, agora com a real possibilidade de aprendizagem.
O que mais tem chamado a atenção dos atores envolvidos no processo, sem dúvida, é o sucesso do atendimento individualizado que se transformou no grande diferencial do programa. O desenvolvimento das turmas é avaliado mensalmente pelos coordenadores. Também são realizadas provas semestrais (junho e novembro) para possíveis ajustes.
O foco é Língua Portuguesa e Matemática para reforçar a base e estimular os alunos a avançarem em outras disciplinas. As famílias ajudam no acompanhamento e na adequação do tempo dos alunos na escola. Muitos permanecem nas unidades para aulas no contraturno.
O descompasso, isto é, a falta de correspondência entre a idade e o ano escolar aplacou por muito tempo o ânimo dos estudantes. No entanto, a esperança tem projetado novos horizontes para os que foram reprovados, abandonaram a escola ou já foram alfabetizados com atraso. As Classes Especiais significam porta aberta para que mais de 10 mil meninos e meninas de Salvador entrem e vivenciem novas perspectivas.