23 novembro 2024
Economista do Ministério da Economia. Mestre em Economia e Doutor em Administração Pública pela UFBA. Autor de diversos trabalhos acadêmicos e científicos, dentre eles o livro Política, Economia e Questões Raciais publicado - A Conjuntura e os Pontos Fora da Curva, 2014 a 2016 (2017) e Dialogando com Celso Furtado - Ensaios Sobre a Questão da Mão de Obra, O Subdesenvolvimento e as Desigualdades Raciais na Formação Econômica do Brasil (2019). Foi Secretário Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e Diretor-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb), Subsecretário Municipal da Secretaria da Reparação de Salvador (Semur), Pesquisador Visitante do Departamento de Planejamento Urbano da Luskin Escola de Negócios Públicos da Universidade da Califó ;rnia em Los Angeles (UCLA), Professor Visitante do Mestrado em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Professor, Coordenador do Curso de Ciências Econômicas e de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto de Educação Superior Unyahna de Salvador.
No ultimo dia 10 de abril foi lançado em Salvador o Livro Desenvolvimento e Empreendedorismo Afro-brasileiro – Desafios históricos e perspectivas para o século 21, editado pelo SEBRAE, Instituto Adolpho Bauer, CEABRA e ANCEABRA, cujo título, tomo emprestado para este artigo.
Organizado por João Carlos Nogueira, Coordenador Executivo do Projeto Brasil Afroempreendedor do SEBRAE/IAB/CEABRA, o trabalho foi fruto da colaboração de diversos autores de todos os cantos do Brasil e, já no seu nascedouro, se constitui num marco referencial obrigatório para todos os debates relacionados a economia e o desenvolvimento brasileiro com um recorte bem delineado: o papel dos empreendedores e empreendedoras negros como uma das particularidades da essência das transformações econômicas que o Brasil tem passado no seu processo histórico de formação enquanto estado nação.
Longe de ser um compendio de denúncias e queixumes, o livro aponta com muita objetividade alguns dos reais problemas que esse seguimento da população brasileira tem sofrido, historicamente, quando a questão é a capacidade de empreender, comparativamente, a ausência de oportunidades efetivas para um profundo processo de empoderamento econômico. Na obra, essa problematização se faz presente apenas para o levantamento de questões pouco difundidas no mainstream da produção teórica sobre empreendedorismo no Brasil, partindo para o apontamento de soluções muito bem definidas, não apenas para o atendimento das necessidades ou desejos vindos do imaginário da população negra, seguimento focal dos textos, mas para a sociedade como um todo.
A rigor, o livro, através de sua dezena de artigos, articula questões que vão desde as noções mais elaboradas sobre empreendedorismo, desenvolvimento econômico, desenvolvimento local e acesso ao crédito até recortes da história e da produção acadêmica sobre o tema, à luz de uma interpretação que não dialoga apenas com os cânones eurocêntricos que, via de regra, significam e ressigfinicam as questões mais gerais ligadas a economia e ao desenvolvimento sob uma ótica unilateral, quando não viesada. O trabalho é um prenuncio da necessidade de uma nova síntese sobre todas essas questões, considerando aspectos relacionados “as barreiras de entrada” de caráter étnico e raciais.
A sociedade brasileira e baiana passa a ter um elemento essencial para a base de conhecimento que hoje se faz necessária a um verdadeiro processo de transformação social com vistas a um modelo desenvolvimento mais equitativo. Nesse aspecto, o livro se apresenta apenas como parte de uma estratégia maior que vem sendo discutida, de há muito, pelo Movimento Negro Brasileiro e que nos últimos anos vem tendo o reconhecimento de pessoas e organizações que, como o SEBRAE/IAB/CEABRA, vislumbram, uma nova dimensão de ações afirmativas.
Na verdade, a implementação de Políticas Públicas especificas voltadas para o empreendedorismo negro ou empoderamento econômico da População Negra, não são apenas politicas reparatórias, mas também, uma correção conceitual, metodológica e teórica sobre toda a base de conhecimento que sustentou e sustenta as teses desenvolvimentistas brasileiras.