Luiz Eduardo Romano

Direito

Advogado. Formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia - UFBA. Pós-Graduado em Direito Eleitoral e Pós-Graduando em Direito Constitucional. Vice-presidente da Juventude do União Brasil - Bahia.

O desligamento da Ford no Brasil e a necessidade de correção de rumos para a retomada do crescimento econômico no país

A data de 11 de janeiro de 2021 jamais será esquecida pelo Brasil. Assolada pelos efeitos decorrentes da pandemia do coronavírus, não apenas no aspecto sanitário, como também no âmbito econômico e social, a pátria amada recebeu a triste notícia quanto ao fechamento das fábricas da estadunidense Ford, uma das mais famosas montadoras de automóveis do mundo.

Decidida a sair do território brasileiro após mais de cem anos com raízes fincadas em solo verde e amarelo, a referida empresa automotiva, que já havia desativado sua produção em São Bernardo do Campo (SP), nos idos de 2019, declarou que encerrará as atividades produtivas em suas unidades sediadas nos Municípios de Camaçari (BA), cidade que abriga o Centro de Desenvolvimento de Produtos da Ford, que não será desativado, Taubaté (SP) e Horizonte (CE), sob a alegação de encolhimento das vendas e ociosidade na produção, algo que, segundo a montadora, restou potencializado a partir do avanço do cenário pandêmico.

De pórtico, como não poderia deixar de ser diferente, cabe-nos lamentar o acontecimento submetido a esta análise textual, haja vista que milhares de mães e pais de família tendem a perder os seus empregos e postos de trabalho em um dos momentos mais críticos e calamitosos da economia mundial, em que somos obrigados a testemunhar, de modo lamurioso, uma gravíssima catástrofe sanitária a partir do avanço viral.

Em outra perspectiva intelectual, tem-se que o fato ora debatido nos fornece vetores acerca das discussões em que os setores políticos, econômicos e sociais brasileiros enfrentam faz muito tempo no que tange ao denominado “Custo Brasil”, pois, como é público e notório, somos todos, pessoas físicas e jurídicas, avassalados cotidianamente a partir da penosa e altíssima carga tributária, associado a uma burocracia superabundante, que muitas vezes obsta o nosso desenvolvimento e achaca a nossa competitividade.

Todavia, impende consignar que não se desconhece os incentivos fiscais, cujo importe gira em torno de expressivos R$ 20 (vinte) bilhões de reais, e subsídios públicos aportados para que a Ford pudesse alocar suas estruturas produtivas ao longo dos quadrantes nacionais, esforços esses que merecem ser evidenciados diante da sua finalidade, que foi a de atrair investimentos para o país e gerar empregos para o nosso povo, cuja polpuda contrapartida deve ser objeto de questionamento em face da sociedade empresarial.

Lastreado nas considerações supramencionadas, em consonância com os acontecimentos factuais, infere-se que a decisão da montadora se deu, indiscutivelmente, no âmago de suas estruturas e pilares societários, contudo os seus impactos à sociedade devem ser cuidadosamente avaliados, diante do reflexo em toda uma cadeia produtiva e na vida de milhares de cidadãos.

Incumbe-nos, ainda, cobrar das autoridades governamentais, seja ocupante de cargo no Poder Executivo ou no Poder Legislativo, de modo veemente, para que haja a tomada de medidas enérgicas vislumbrando amainar as drásticas consequências advindas do fim da era Ford no país.

É obrigação das forças e correntes políticas, de todos os entes federativos e independentemente de coloração partidária, buscar se unir em prol de um pacto institucional que possa conferir soluções aos gargalos que entravam a nossa economia, a exemplo dos onerosos impostos em demasia, da insalubridade no ambiente de negócios, do inchaço na máquina estatal, da elevada complexidade da cadeia de tributos e da falta de segurança jurídica para quem deseja investir.

Nesta esteira argumentativa, entendemos a urgente necessidade de se fazer o enfrentamento às reformas tributária, fiscal e administrativa, em diálogo constante com os mais diversos setores da sociedade civil, para assegurar a participação visceral da coletividade junto à classe política em meio ao processo de retomada econômica, para que haja a defesa incessante da estruturação de um país mais próspero, desenvolvido, justo e solidário.

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