23 novembro 2024
João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.
É preciso, em tempo de disputa política e eleitoral, coragem moral e coragem política para assumir e declarar que estamos todos fracassando no que diz respeito à educação do povo baiano.
Reiteradamente, há décadas, seja sob a direção de que partido for, seja sob a ditadura militar, seja sob a democracia, à direita ou à esquerda do espectro partidário e ideológico, o Estado da Bahia e o Município de Salvador vêm inaceitavelmente exibindo fracassos na educação pública.
O que vem acontecendo na Bahia, na rede estadual, e em Salvador, na rede municipal?
Aqui, a educação tem sido uma refém de um estado de cultura política que, na prática, subordina o interesse público geral aos ditames dos interesses políticos e de poder conjunturais. Há um déficit acentuado de visão republicana na prática da política institucional.
O resultado disso é que o Estado da Bahia está entre as três unidades da Federação com os piores resultados nacionais no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). A situação específica de Salvador não é diferente. Somos uma das três capitais que apresentam os mais baixos desempenhos acadêmicos de alunos dentre todas as capitais de estados brasileiros.
A continuidade dessa situação é a sentença de que seremos para sempre o país do futuro que nunca chega, o gigante adormecido. Indica que estaremos eternamente deitados em berço esplêndido, enquanto as garras da ignorância castigam o nosso povo e impedem o nosso progresso.
É possível, sim, transformar essa situação. Tanto que, nesse momento político idealizamos um ato apartidário, na semana passada. Apresentamos aos seis prefeituráveis de Salvador uma contribuição para o debate sobre a situação e perspectivas da Educação Básica no município.
O documento, elaborado pelo corpo técnico da Secult, é fundamentado em idéias que podem virar propostas concretas para a melhoria contínua da Educação Básica na nossa cidade. Idéias subordinadas a uma visão republicana e de Estado, mais além da visão e dos interesses legítimos de um governo, de uma administração, de um partido ou de uma coalisão governamental.
A bandeira do futuro prefeito deve ser colocar sempre a educação em primeiro lugar.