22 novembro 2024
Considerado “truculento” por quem não o conhece e afoito por aqueles que o admiram, o chefe da Casa Civil do governo João Henrique, João Leão, terá que ter a partir de agora não apenas habilidade para lidar com a bancada governista na Câmara como jogo de cintura suficiente para se livrar de forte pressão de setores do PT contra sua atuação na Prefeitura e a possibilidade de envolver-se na sucessão do prefeito, em 2012.
Identificado como aliado do senador Walter Pinheiro, cuja postulação no PT à candidatura à Prefeitura de Salvador ainda é uma incógnita, Leão passou a atrair para si toda a ira da ala petista ligada ao deputado federal Nelson Pelegrino, candidato declarado à sucessão do prefeito João Henrique no partido do governador Jaques Wagner.
Atribui-se a prepostos do deputado petista a operação pela qual os vereadores peemedebistas Alfredo Mangueira, Pedrinho Pêpê e Pedro Godinho, atual presidente da Câmara Municipal, estariam sendo sondados para ingressar no PSD, partido que deve ser controlado na Bahia pelo vice-governador do Estado e secretário estadual de Infraestrutura, Otto Alencar.
No afã de colocar os três na nova legenda, os amigos petistas de Pelegrino envolvidos na operação não teriam ainda sequer consultado o próprio Otto, que pode receber o pacote pronto com as adesões. A idéia deles seria bloquear qualquer possibilidade de conversa entre os vereadores do PMDB e o PP, como chegou a ser ensaiado por ocasião do ingresso do prefeito João Henrique no partido de João Leão.
O temor da turma de Pelegrino, compartilhado por alguns petistas próximos ao governador Jaques Wagner, é de que o PP possa se robustecer na Câmara e acabe jogando papel mais importante do que o desejado na sucessão de João Henrique. “O PP não pode ficar forte, amigo”, diz um aliado do deputado federal. Para os petistas, de uma maneira geral, o PP tem uma preferência clara pela candidatura de Walter Pinheiro à Prefeitura de Salvador.
Neste sentido, o partido, que tem comando unificado sob Leão e o ministro Mário Negromonte (Cidades), jogaria todo o seu peso político na defesa do nome do senador à sucessão quando achar que é chegada a hora. A avaliação é a de que o PP trabalharia com a meta de eleger o senador prefeito por um motivo simples.
Caso ganhe a Prefeitura, Pinheiro deixaria, em 2012, muito bem assentado em seu lugar no Senado seu atual suplente, o ex-deputado estadual Roberto Muniz. Trata-se de quadro de quatro costados do PP, que neste caso, seria literalmente presenteado com um mandato de, no mínimo, seis anos, termo que restaria a Pinheiro em 2012. Uma be-le-za que a turma de Pelegrino não quer pagar para ver.