4 maio 2024
Transformados em adversários de morte na disputa pela vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE), PT e PMDB, os dois principais partidos da base governista na Assembléia Legislativa, concordam hoje em pelo menos um ponto: se o governador tivesse anunciado ter interesse no cargo não haveria risco de briga nem racha.
O distanciamento supostamente “republicano” assumido por Jaques Wagner, que teria sinalizado desde o início preferir que os partidos governistas se entendessem sozinhos, exigindo apenas que chegassem a um nome consensual para não comprometer a base, teria criado o clima de salve-se quem puder no Legislativo, impedindo os entendimentos.
Teria sido com base neste pressuposto que o PT antecipou-se e lançou Zilton Rocha, sendo seguido pelo neo-governista Paulo Câmara (PTB), que passou a recolher assinaturas de apoio ao seu nome e, logo em seguida, pelo PMDB, que decidiu apostar na candidatura do ex-deputado Leur Lomanto ao cargo.
“O próprio governador poderia ter chamado a base ou delegado esta tarefa a seu articulador político para dizer que queria o consenso antes de os partidos lançarem seus nomes. Evitaria tudo o que está acontecendo agora”, disse ao Política Livre um parlamentar peemedebista.
Ele conta que, só depois das candidaturas postas, a articulação política do governo entrou em campo para evitar o pior, mas já era tarde. Com medo do esfacelamento da base, vários emissários do governo passaram a trabalhar pelo entendimento, mas, ao que parece, sem um discurso comum.
“Foram muitos sinais trocados, que acabaram abalando a confiança na construção de uma saída”, disse, reservadamente a este blog, um deputado do PT. Um outro deputado do PMDB convalida a avaliação, relatando um diálogo que teria sido travado por um membro da bancada com o secretário Rui Costa (Relações Institucionais), no início da semana.
Costa teria confirmado ao peemedebista que o governador não tinha preferência por nenhum dos nomes postos, mas que fazia duas exigências: que o nome saísse de um consenso e que, em hipótese alguma, a solução parecesse uma derrota do governo.
Confrontado com a informação que correra na Assembléia de que o petista Zilton era o candidato do governador, Costa reagira. “Quem disse isto está extrapolando”, respondera o secretário.
O resultado é que as conversas entre PT e PMDB não evoluíram, Paulo Câmara é carta fora do baralho depois de ter brigado publicamente com o petista Paulo Rangel e agora todos esperam a chegada do governador para resolver o impasse.