13 de setembro de 2007 | 21:12

Discurso “republicano” de Wagner confunde base, que culpa governo por risco de racha

Transformados em adversários de morte na disputa pela vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE), PT e PMDB, os dois principais partidos da base governista na Assembléia Legislativa, concordam hoje em pelo menos um ponto: se o governador tivesse anunciado ter interesse no cargo não haveria risco de briga nem racha.

O distanciamento supostamente “republicano” assumido por Jaques Wagner, que teria sinalizado desde o início preferir que os partidos governistas se entendessem sozinhos, exigindo apenas que chegassem a um nome consensual para não comprometer a base, teria criado o clima de salve-se quem puder no Legislativo, impedindo os entendimentos.

Teria sido com base neste pressuposto que o PT antecipou-se e lançou Zilton Rocha, sendo seguido pelo neo-governista Paulo Câmara (PTB), que passou a recolher assinaturas de apoio ao seu nome e, logo em seguida, pelo PMDB, que decidiu apostar na candidatura do ex-deputado Leur Lomanto ao cargo.

“O próprio governador poderia ter chamado a base ou delegado esta tarefa a seu articulador político para dizer que queria o consenso antes de os partidos lançarem seus nomes. Evitaria tudo o que está acontecendo agora”, disse ao Política Livre um parlamentar peemedebista.

Ele conta que, só depois das candidaturas postas, a articulação política do governo entrou em campo para evitar o pior, mas já era tarde. Com medo do esfacelamento da base, vários emissários do governo passaram a trabalhar pelo entendimento, mas, ao que parece, sem um discurso comum.

 “Foram muitos sinais trocados, que acabaram abalando a confiança na construção de uma saída”, disse, reservadamente a este blog, um deputado do PT. Um outro deputado do PMDB convalida a avaliação, relatando um diálogo que teria sido travado por um membro da bancada com o secretário Rui Costa (Relações Institucionais), no início da semana.

Costa teria confirmado ao peemedebista que o governador não tinha preferência por nenhum dos nomes postos, mas que fazia duas exigências: que o nome saísse de um consenso e que, em hipótese alguma, a solução parecesse uma derrota do governo.

Confrontado com a informação que correra na Assembléia de que o petista Zilton era o candidato do governador, Costa reagira.  “Quem disse isto está extrapolando”, respondera o secretário.

O resultado é que as conversas entre PT e PMDB não evoluíram, Paulo Câmara é carta fora do baralho depois de ter brigado publicamente com o petista Paulo Rangel e agora todos esperam a chegada do governador para resolver o impasse.

Comentários