02 de março de 2011 | 06:42

Gabrielli dá show na Bahia em evento em que Dilma mantém expressão indecifrável

O presidente da Petrobras, o petista baiano José Sérgio Gabrielli, brilhou tanto e sozinho hoje no evento em que foi anunciada a implantação do Terminal de Regaseificação da Bahia, à tarde, no Grande Hotel Stella Maris, que muitos dos presentes, a maioria dos quais petistas, consideraram a festa um palco aberto para uma espécie de pré-lançamento bastante antecipado de sua candidatura à sucessão do governador Jaques Wagner (PT), em 2014.

Gabrielli foi o primeiro informar que, apesar do aspecto totalmente técnico, o evento tinha um imenso caráter político, ao subir no púlpito para falar. Exaltando sua baianidade, fez questão de se queixar, com graça, do sotaque da narradora do vídeo institucional em que o projeto foi apresentado ao público e às autoridades, alegando que a moça possuía um acento “excessivamente carioca”. Tinha tanta razão que quase recebeu uma salva de palmas.

Mobilizado pela observação, o governador Jaques Wagner, também um carioca, foi forçado a rir e balançar afirmativamente a cabeça, acompanhando o movimento de empatia que a platéia, formada majoritariamente por baianos, criou a partir daí com o presidente da Petrobras. Já no “coração” dos baianos, em seguida, Gabrielli daria uma verdeira aula sobre o que o Terminal significará para o Estado, detalhando os investimentos e estratégias do governo para o uso do gás no país.

O presidente da Petrobras, entretanto, reincorporou o figurino de professor de Economia, profissão a que se dedicou com mais afinco antes de assumir o comando da estatal, com vontade manifesta de conquistar uma legião de leigos. Para isso, além de se mostrar muito simpático, usou recursos de um verdadeiro ”coach” em campo, um “facilitador”. Sua quase-palestra foi vigorosa e dinâmica e, por este motivo, também inteligente.

Em empolgação – e eloquência também -, ninguém que falou antes ou depois se igualou a ele. Gabrielli queria encantar, mesmo aos descrentes. Com cara de “avaliadora” severa, a presidente Dilma Rousseff, cuja fama é a de não gostar muito do baiano, que estaria onde está por obra e pedido exclusivos do ex-presidente Lula, foi literalmente obrigada a acompanhar a performance de Gabrielli sentadinha ao lado do governador, na posição de uma aluna comum.

Dilma não prestou atenção a tudo que Gabrielli disse nem demonstrou emoção durante a palestra. Caso tivesse poder para tanto, poderia até ter aconselhado ele a encerrar a misencene ali imediatamente. Mas o presidente da Petrobras estava na Bahia, em sua casa e demonstrou estar tão sinceramente à vontade e satisfeito com o acontecimento que mediou que, apesar da educação, deixou claro que não estava nem aí, que não dava a mínima para a expressão indecifrável da presidente.

Talvez por isso o evento tenha servido também para mostrar, indiretamente, que a primeira presidente do país, que acaba de inaugurar seu governo, pode ser tudo, menos alegre, uma matéria na qual o baiano, como o professor Gabrielli, com certeza, é mestre.

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