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Mestre Didi 07 de outubro de 2013 | 18:19

Mestre Didi pode virar nome de rua em Salvador

salvador

O vereador Toinho Carolinho (PTN) apresentou hoje projeto de lei que prevê colocar o nome de Mestre Didi num logradouro público de Salvador.”Mestre Didi era uma pessoa representativa da cultura negra de nossa sociedade, artista plástico, escritor, líder religioso, que nos deixou vítima de um câncer, mas que sua história e seu legado permanecem em nossos corações”, afirmou Carolino. Mestre Didi, ou Deoscóredes Maximiliano dos Santos, morreu domingo aos 95 anos, em Salvador. Sua trajetória e obra são consideradas recriações da herança africana no Brasil.

O corpo do artista nascido em 02 de dezembro de 1917 foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana. Além de escultor, Mestre Didi também era conhecido por liderar a comunidade espiritual nagô. Ele era filho de Maria Bibiana do Espírito Santo, também chamada de Mãe Senhora, uma das principais iyalorixás do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Ele chegou a expor em Gana, Senegal, Inglaterra e França, além do Guggenheim, em Nova York. No Brasil, ganhou reconhecimento após a 23ª Bienal de São Paulo, em 1996, quando recebeu uma sala apenas para suas obras. Mestre Didi criou esculturas focadas na representação de Deuses e Orixás do Candomblé e, com sua obra sacra singular, ganhou expressão internacional. Ele é considerado um dos principais artistas brasileiros e se utilizava da estética e de elementos da cultura afro-brasileira.

Pela UNESCO, realizou pesquisas comparativas entre Brasil e África e, em 1980, fundou a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá, do culto aos ancestrais Egun, em Salvador. Quanto ao seu sacerdócio, podemos dizer que deu início seguindo as tradições do povo negro que escolheu a igreja ainda durante o período colonial. E logo após a libertação dos escravos, no período pós-colonial foi a instituição que a comunidade descendente de africanos inseriu em suas estratégias de luta pela alforria e reagrupamento social. “Mestre Didi foi batizado, fez primeira comunhão e foi coroinha. Mais tarde, já sacerdote da tradição afro-brasileira, foi se dedicando inteiramente a ela afastando-se do catolicismo, embora o respeitando como outra religião”, lembra Carolino em seu projeto.

Eugenia Ana dos Santos, a Mãe Aninha tratada por Didi como avó, foi quem o iniciou no culto aos Orixás e lhe deu o título de Assogba, Supremo Sacerdote do Culto de Obaluaiyê. Mais tarde Didi recebeu o título de Alapini, o mais alto do Culto aos Egungun, no Ilê Agboula e, anos depois, em 1980, fundou o Ilê Asipa onde é cultuado o Baba Olukotun e demais Eguns desta tradição antiga.Em setembro de 1970, não tendo no Brasil quem pudesse fazer sua confirmação de Balé Xangô, foi para Oyo e realizou a obrigação na cidade originária do culto à Xangô. A cerimônia foi realizada pelo Balé Sàngó e o Otun Balé do reino de Xangô de Oyo.

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