21 de setembro de 2014 | 11:45

Desgaste na Escócia torna eleição britânica imprevisível

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A campanha que quase resultou na independência da Escócia na quinta-feira abalou o cenário político da Grã-Bretanha. Líderes dos dois maiores partidos do Parlamento, David Cameron, atual primeiro-ministro, e Ed Miliband, saíram contestados pela opinião pública e tanto conservadores quanto trabalhistas têm chance limitada de obter na eleição de maio de 2015 maioria absoluta para governar em Westminster. Segundo cientistas políticos britânicos, o abalo causado pelo impasse até o fim do plebiscito escocês afetou os dois favoritos. Pressionado pela perspectiva de entrar para a história como o primeiro-ministro que perdeu a Escócia, Cameron foi obrigado a fazer campanha em cima de sua própria impopularidade. “Se você não gosta de mim, eu não estarei aqui para sempre. Se você não gosta deste governo, ele não durará para sempre”, disse o premiê, na semana passada, ao eleitorado escocês, que em geral o detesta. Miliband foi perseguido e assediado por militantes favoráveis à independência enquanto fazia campanha pelo “não”, protagonizando uma cena constrangedora de fuga da multidão em um shopping center de Edimburgo. “Cameron escapou de ser o primeiro-ministro que perdeu a Escócia e é quase matematicamente impossível que os conservadores conquistem uma maioria absoluta. Já Miliband perdeu o controle sobre os eleitores trabalhistas, que em mais de 70% apoiaram a independência”, disse ao Estado Daniel Kenealy, diretor adjunto do Departamento de Governança da Universidade de Edimburgo. O resultado provável da perda de prestígio dos líderes, apontam analistas, deve ser a fragmentação do voto em 2015. Essa tendência cresce na Grã-Bretanha desde a eleição de 2010, a primeira desde 1974 a ter “hung Parliament”, quadro em que nenhum partido obtém maioria dos assentos para governar.

Andrei Netto, Agência Estado
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