Votação da reforma política expõe divisão na bancada baiana

A primeira votação de propostas da reforma política pela Câmara dos Deputados, anteontem, expôs a confusão ideológica e os conflitos de interesse que existem na bancada baiana em Brasília. Na análise do chamado distritão, modelo em que só são eleitos os candidatos ao Legislativo mais votados de cada estado, 19 dos 39 parlamentares da Bahia foram contra a matéria e ajudaram a enterrá-la. Se uniram ao PT na batalha para derrotar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), integrantes do PR, PDT, PRB, PSC, PTN, PSB, PTC e parte do PSD, além de dois cardeais da oposição: Antonio Imbassahy (PSDB) e José Carlos Aleluia (DEM). Em contrapartida, o PCdoB, tradicional aliado petista, liderado na Bahia pelo deputado federal Daniel Almeida, foi a favor do distritão, junto com outras legendas da base governista, como PP e PTB.

Divisões e dissidências também dominaram a votação de outra proposta polêmica da reforma política – a emenda que inclui na Constituição o financiamento privado para campanhas. No total, 18 deputados baianos votaram contra a matéria. O PCdoB, que antes havia debandado para oposição, voltou a se aliar ao PT. Parlamentares do PSB, PDT, PRB e PTC permaneceram junto aos petistas e votaram contra o financiamento privado. Três deputados do PSD – José Nunes, Paulo Magalhães e Sergio Brito – contrariaram a orientação da bancada e também aderiram ao PT. O restante apoiou a proposta e teve que digerir a derrota. Para alimentar ainda mais a bipolaridade ideológica da bancada, grande parte dos parlamentares da Bahia apoiou a emenda à Constituição que permite financiamento privado de campanha, dessa vez apenas para partidos, aprovada na noite de ontem pela Câmara dos Deputados.

Só 13 votaram contra o modelo, seis deles do PT – Afonso Florence, Jorge Solla, Luiz Caetano, Moema Gramacho, Valmir Assunção e Waldenor Pereira. Os outros sete foram Alice Portugal, Davidson Magalhães e Daniel Almeida, do PCdoB, Bebeto Galvão (PSB), Félix Mendonça Júnior (PDT), Irmão Lázaro (PSC) e José Nunes (PSD). No total, 25 pularam ou permaneceram no barco comandado pelo presidente da Câmara. Apenas um esteve ausente à sessão – Roberto Britto (PP).