19 de junho de 2015 | 20:45

Governo age para reduzir pressão de sindicatos contra veto na Previdência

bahia

O governo escalou quatro ministros para convencer as centrais sindicais a não pressionar os parlamentares a derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff à fórmula 85/95 da forma como foi aprovada pelo Congresso. Os ministros Carlos Gabas (Previdência) Nelson Barbosa (Planejamento), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Manoel Dias (Trabalho) ligaram para os representantes das centrais para demovê-los da ideia de lutar pela derrubada da decisão. O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que os ministros tiveram sucesso na empreitada, embora algumas centrais ainda não admitam publicamente que aceitarão discutir a proposta ao fator previdenciário a partir da fórmula alternativa enviada pela presidente, por meio de medida provisória, ao Congresso. Antes do veto, as seis centrais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB – divulgaram nota pedindo a sanção da presidente ao projeto da forma como foi aprovado pelos parlamentares, o que não ocorreu. A presidente chegou a cogitar atender ao pedido para evitar desgaste com as centrais e com o próprio Congresso. Mas pesou a questão da solvência da Previdência a médio e longo prazo e a sinalização contrária à austeridade fiscal que precisa mostrar ao mercado. Cálculos do governo estimam economia de R$ 50 bilhões até 2026 de diferença entre o projeto aprovado pelos parlamentares e o escalonamento sugerido pelo governo na medida provisória. Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse que o ideal seria que as centrais conseguissem derrubar o veto, mas já admite que terá que trabalhar para aumentar o escalonamento sugerido pelo governo. Pela MP, o novo dispositivo permite às pessoas se aposentarem com salário integral (respeitando o teto do INSS, de R$ 4.663,75) se se enquadrarem na faixa de 85/95 pontos – ou seja, soma do tempo de contribuição e de idade de mulher/homem no momento da aposentadoria. O aumento começa em 2017, quando sobe um ponto. A cada ano, um ponto é acrescido até chegar a 90/100 em 2022. A ideia do governo foi colocar reajuste anual para ter “gordura” para queimar nas negociações no Congresso. As centrais defendem um tempo maior, de três em três anos. A Força Sindical, de oposição ao governo, defende aumento de seis em seis anos. Torres garante que as centrais pressionarão os parlamentares para que o escalonamento seja menos duro.

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