Foto: Reinaldo Ferrigno/ Liderança do PSB no Senado
30 de junho de 2015 | 11:19

Três cidades baianas lideram ranking de assassinatos de jovens

bahia

Os municípios baianos de Simões Filho, Lauro de Freitas e Porto Seguro estão entre os mais violentos do Brasil, quando o assunto é o assassinato de adolescentes com idade entre 16 e 17 anos. Entre as pesquisadas, as três cidades baianas possuem a maior relação população x mortes. Segundo dados do Mapa da Violência, divulgado nesta segunda-feira (29/6), durante audiência da CPI do Assassinato de Jovens, no Senado, esses municípios registraram 144 assassinatos de pessoas com essa faixa etária nos últimos três anos. No ranking por estados, a Bahia ocupa a nona posição. Entretanto, os estados da Região Nordeste são os que apresentam os maiores índices de violência: Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte estão entre as unidades da Federação em que mais jovens são mortos.

A presidente da CPI, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), já garantiu a realização de debates da Comissão nas cidades que pertencem à Região Metropolitana de Salvador e em outros sete estados: Roraima, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Maranhão e Rio Grande do Norte. “O primeiro Estado que vamos visitar e discutir os problemas de violência contra os jovens será Roraima, na sexta-feira, 3 de julho. Está localizado numa área estratégica de fronteira, por onde entram milhares de armas todos os dias”, disse Lídice, que pretende investigar como essas mortes se dão, conversar com as famílias das vítimas, saber como o Estado acolhe os jovens infratores e de que forma trata as mortes.

O autor do Mapa da Violência, o sociólogo Júlio Jacobo, foi um dos participantes da audiência desta semana no Senado. Segundo o levantamento coordenado por ele, 3.749 jovens foram assassinados no ano de 2013, o que representa uma média superior a 10 jovens vitimas de homicídio por dia no País. “A projeção é que esse número chegue próximo dos 3,9 mil em 2015”, afirmou. Jacobo destacou: “Impressiona que metade de nossos jovens morra por homicídios. Estamos colocando a culpa nos ‘pacientes’, não na ‘doença’. Nós criamos uma sociedade violenta e corrupta e queremos que os jovens paguem a conta de algo que nós legamos para eles”, disse. O Mapa da Violência aponta ainda que 93% das vítimas são do sexo masculino e mais de três quartos são negros. Na comparação com outros 84 países, o Brasil ocupa a terceira posição deste indesejável ranking, atrás apenas de México e El Salvador. No Brasil, os crimes com arma de fogo contra jovens superam o percentual de 80%, tanto na faixa dos adolescentes mortos com 16 anos quanto nos que possuem 17.

Outro participante da audiência, o professor Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, classificou de genocídio a atual realidade brasileira quanto ao assassinato de jovens. “Estamos falando do genocídio da juventude negra e pobre. Parece que nos acomodamos como nação”, disse. Ele afirmou ainda que o jovem entre 13 e 17 anos, geralmente negro e pobre, é um ser “invisível nos centros urbanos, desdenhado e negligenciado pela sociedade”. E esses são, na avaliação do especialista, os motivos da entrada desses jovens na criminalidade, ou seja, com uma arma na mão, esse jovem torna-se visível e impõe-se pela força, explicou o professor. Soares se colocou contra a redução da maioridade penal e disse que para se diminuir os índices de violência contra e entre os jovens é preciso investir em educação, combater a evasão escolar e fazer um mutirão da sociedade pela civilidade, pela justiça e pela vida.

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