2 maio 2024
Não são poucos os que passaram a pedir que o presidente Michel Temer (PMDB) dê um tempo dos seus amigos, afastando-os imediatamente de seu governo. De intelectuais ao PSDB, partido que apoiou o impeachment e prefere abraçar-se a Temer a empurrá-lo para a ala ultrafisiológica do Congresso, estão todos convencidos de que, com a turma que o acompanha, Temer não chegará muito longe, isto é, a 2018, que está às portas.
De fato, o histórico dos membros do núcleo duro do governo formado por peemedebistas como o presidente nunca animou, aliás seria motivo mesmo de profunda apreensão e repulsa, caso Temer não tivesse chegado à presidência em caráter emergencial, com a meta de fazer a transição num país devastado economicamente após a passagem do lulopetismo. Mas os últimos episódios simplesmente tiraram o fôlego do governo para carregar mais este fardo.
As práticas patrimonialistas – para ficar num eufemismo – do círculo íntimo do presidente são conhecidas, embora tenham ficado ainda mais escancaradas depois do caso Geddel e do vazamento do acordo de pré-delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Mesmo sem provar nada nem significar a condenação de ninguém, o quadro pintado pelo ex-executivo da turma que acompanha Temer é um terror.
Fica ainda mais carregado nas tintas pela própria verossimilhança que lhe empresta alguém que convivia com a turma de forma íntima. Em busca de tempos melhores e de um mínimo de estabilidade no país, é claro que qualquer um de sã consciência não aposta em mais uma mudança de governo a praticamente um ano das eleições. Temer, entretanto, precisa demonstrar que está igualmente engajado nesta luta, livrando-se o quanto antes dessas âncoras do atraso.