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Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial Odebrecht, e seu pai, Emílio, presidente do Conselho de Administração do conglomerado 30 de janeiro de 2017 | 07:59

Delação causa rompimento entre Marcelo e Emílio Odebrecht

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O acordo de delação premiada da Odebrecht causou o rompimento das relações entre o ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial, Marcelo Odebrecht, e seu pai, Emílio, presidente do Conselho de Administração do conglomerado. A informação foi confirmada ao UOL por cinco pessoas ligadas à Operação Lava Jato ou à Odebrecht, sob a condição de terem suas identidades preservadas. “Marcelo sente-se injustiçado. Ele se vê como um bode expiatório. Acha que pagará o preço mais alto entre todos os envolvidos na Lava Jato também porque seu pai aceitou delatá-lo”, afirmou ao UOL um funcionário de alto escalão da Odebrecht. “Marcelo pagava mesmo propina e, de certa forma, desafiava as autoridades que poderiam o incriminar. Emílio, por sua vez, era mais conservador. Cometeu e sabia de ilegalidades, mas era mais contido”, acrescentou. Na última sexta-feira (27), Marcelo Odebrecht ratificou a um juiz auxiliar do STF (Supremo Tribunal Federal) o depoimento feito a procuradores da operação e confirmou os termos de seu acordo de delação premiada. Colaborar com os investigadores foi uma derrota pessoal de Marcelo e uma vitória de seu pai, além de abrir a crise de relacionamento entre os dois protagonistas do clã baiano de origem germânica. Nos primeiros meses após sua prisão –ocorrida em junho de 2015, durante a 14ª fase da operação–, o executivo insistia em negar as acusações e rejeitava aderir a um acordo. Emílio, por sua vez, decidiu rapidamente pela delação como forma de preservar a empresa. Na primeira visita que fez a Marcelo na prisão em Curitiba, em setembro de 2015, Emílio o sugeriu que optasse por delatar, hipótese repelida pelo filho, como revelou a revista “Piauí”. Marcelo está detido na carceragem da sede da Polícia Federal em Curitiba. “Em determinado momento, ele reclamou de que o pai não aparecia para visita-lo”, disse um investigador da Lava Jato. “Este assunto [a delação] estremeceu a relação entre ambos. Havia dois grupos na empresa: o de Marcelo, que não queria a delação de jeito nenhum, e o de Emílio, que achava a delação a melhor saída”, disse um membro do Conselho de Administração da Odebrecht. “Venceu a tese de Emílio.” A descoberta pela Polícia Federal do setor de “operações estruturadas”, responsável pela sistematização do pagamento de propinas, em março de 2016, e a crise financeira que atingiu o grupo aumentaram a pressão sobre Marcelo. Emílio tomou a iniciativa de procurar um acordo com as autoridades. Em maio de 2016, a empresa firmou o termo de confidencialidade, o que deu início às negociações para as delações premiadas, que estão a um passo de serem homologadas pela presidente do STF, ministra Carmen Lúcia. Todos os 77 delatores ligados à empresa ratificaram seus depoimentos à Justiça até sexta-feira. Leia mais no Uol.

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