Foto: Divulgação/Arquivo
Vereador Léo Prates, presidente da Câmara que instituiu as Super Terças para debater e produzir 16 de fevereiro de 2017 | 10:15

Câmara quer exercer “Poder do Cidadão”, por Raul Monteiro

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Um acalorado debate no qual não faltaram gritos e vaias sobre o Uber, sistema de transporte cada vez mais usado no país que permanece proibido por lei em Salvador, apesar de continuar sendo abertamente utilizado na capital baiana, marcou anteontem o início da “Super Terça” na Câmara Municipal, um projeto da nova gestão da Casa destinado a debater, às terças-feiras, temas polêmicos, que produzam mesmo muita gritaria, possam aproximar mais a população do Legislativo municipal e gerar iniciativas legislativas. A proposta vem ao encontro do lema “O Poder do Cidadão”, que passou a ser adotado pelo novo presidente, o vereador Leo Prates (DEM), sob o emblema original do Poder.

E deve ser também uma das marcas da gestão de Prates, um vereador jovem, do time de lideranças forjado ao lado do prefeito ACM Neto (DEM), de quem teve apoio praticamente expresso para se eleger presidente da Câmara, inviabilizando a tentativa de reeleição do antecessor, Paulo Câmara (PSDB). Ainda que de forma comedida, Prates, figura bastante educada, faz uma análise positiva da gestão anterior à sua na condução do Legislativo, do ponto de vista administrativo. Acha que Paulo Câmara focou sua estratégia de comunicação em duas faces, a do compromisso com a gestão e a da transparência, na qual foi bem sucedido.

Pretende dar seguimento às conquistas obtidas pelo Legislativo municipal neste período, mas entende, no entanto, que é hora de avançar, levando em conta a necessidade de a Câmara se envolver mais na vida do cidadão comum, especialmente neste momento de descrédito da classe política decorrente da crise de representação simbolizada pelo fato de os eleitos terem passado a esquecer que são mandatários com poderes delegados pela população para se encastelar sob as benesses típicas do cargo legislativo e da aura de indiferença que infelizmente muitas vezes os mandatos conferem.

Neste sentido, acha que a promoção de debates como os que a Super Terça começou a protagonizar ajudam tanto o Legislativo a despertar da letargia e da tendência de se afastar da comunidade que o elegeu quanto a própria sociedade a aproveitar espaços para se manifestar e discutir os rumos da cidade, cuja administração cabe à Câmara, constitucionalmente, fiscalizar. Um outro aspecto que as discussões intensas produzidas na Câmara nas pautas da Super Terça poderão gerar são idéias que sirvam à própria produção legislativa, como a elaboração de projetos destinados a melhorar a vida no município.

Aparentemente simples, a iniciativa resgata um período em que os vereadores, logo depois da redemocratização, protagonizavam debates acalorados sobre os mais variados temas que envolviam os destinos de Salvador, os quais eram acompanhados efusivamente das galerias por populares que frequentavam o antigo centro da cidade, o que, de alguma forma, reforçava o conceito do Poder como “Casa do Povo’. É também produto das discussões do grupo de cinco vereadores que se juntou inicialmente para apostar na eleição do novo presidente e derrubar o anterior sob a bandeira da democratização da Câmara. O perfil trabalhador de Prates aponta na direção de muitas outras.

* Artigo de autoria do jornalista Raul Monteiro publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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