20 de julho de 2017 | 09:15

Conselho vê problemas em 45% dos postos de saúde e promete ir à Justiça

brasil

O Conselho Federal de Medicina (CFM) disse que vai recorrer à Justiça e a fóruns internacionais contra as más condições de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Levantamento feito pela entidade, apresentado ontem ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, mostra que quase metade (45%) das Unidades Básicas de Saúde funcionava com estrutura precária no ano passado. Os problemas vão desde falta de sanitários para deficientes à ausência de equipamentos considerados indispensáveis para o atendimento, incluindo falta de itens básicos de higiene, como pias ou sabonete líquido. Os dados do CFM foram coletados entre 2015 e junho deste ano. Em 2016, por exemplo, foram visitadas 1.122 unidades em todas as regiões do País. Desse total, 15% não tinha estetoscópio. Até mesmo termômetro estava em falta em 8% das unidades. Em 15% dos serviços, faltava toalha de mão e em 6% pias e lavabos. Os números foram apresentados ontem, em uma clara reação à afirmação feita pelo ministro da Saúde, semana passada, de que médicos deveriam parar de fingir que trabalham. A declaração piorou ainda mais a já tensa relação entre entidades de classe e o Ministério da Saúde. Desde a semana passada, médicos de várias regiões começaram a organizar marcha para pedir mudanças na pasta. “Não são os médicos que não querem trabalhar. São os médicos que não têm estrutura para exercer a sua profissão. Por isso, estamos indo à Justiça”, disse o presidente do CFM, Carlos Vital pouco antes de ser recebido por Barros. “Não queremos retratação, mas uma solução para a saúde”, afirmou Vital. Ao receber as várias caixas contidas no relatório, Barros se comprometeu a analisar o material. O ministro avisou, no entanto que a solução dos problemas apresentados pelo grupo estaria nas mãos de Estados e municípios, que têm competência para gerir os serviços.

Estadão Conteúdo
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