15 de dezembro de 2017 | 07:20

Volks reconhece apoio à ditadura sob protestos de ex-perseguidos

brasil

A Volkswagen do Brasil reconheceu nesta quinta-feira, 14, que deu apoio ao governo militar e que houve repressão a funcionários dentro da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Na tentativa de se reconciliar com o passado, a montadora inaugurou uma placa em memória a todas as vítimas da ditadura e anunciou financiamentos a projetos sociais. As ações, porém, não agradaram ao grupo de ex-trabalhadores que participa de investigação conduzida desde 2015 pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre o envolvimento da empresa na ditadura militar, regime adotado no País entre 1964 e 1985. O relatório encomendado pela própria Volkswagen ao pesquisador independente Christopher Kopper, professor da Universidade de Bielefeld, na Alemanha – e apresentado oficialmente ontem no Brasil e no país europeu – concluiu que a empresa foi “irrestritamente leal ao governo militar”. Cita ainda que seguranças da montadora monitoravam as atividades de oposição dos empregados e facilitou, com suas denúncias, a prisão de pelo menos sete funcionários. Pelo menos um deles, Lúcio Bellentani, então com 28 anos e membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi espancado pela polícia política nas dependências da fábrica. “O que a Volkswagen quer fazer é varrer a sujeira para debaixo do tapete”, disse ele. “É apenas uma ação de marketing, pois até agora a empresa não fez pedido formal de desculpas à sociedade brasileira e não participou do inquérito do MPF”, completou Sebastião Neto, que coordenou o grupo de trabalho sobre a repressão a trabalhadores e ao movimento sindical da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Estadão
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