Foto: Dida Sampaio/Estadão
Michel Temer e Rodrigo Rocha Loures 08 de janeiro de 2018 | 20:30

Loures alega desconhecer ‘exposição do presidente’ em áudio sobre Decreto

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O ex-assessor da Presidência da República Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR), atualmente em prisão domiciliar, afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que desconhece sobre o que seria a expressão “o setor já conseguiu coisa demais com este decreto”, assim como o termo “exposição do Presidente”, ambos ditos a Loures por Gustavo Rocha, subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, em ligação interceptada no dia 8 de maio de 2017, na qual eles conversavam sobre o Decreto dos Portos (9048/2017). Loures ainda disse o objetivo da conversa com Rocha não era fazer pressão sobre questões do Decreto, que estava sendo analisado na Casa Civil. Por meio de assessoria, Gustavo Rocha diz que “o pedido feito por Rocha Loures não foi atendido porque não tinha respaldo jurídico”. O depoimento, prestado por Loures nos dias 24 e 27 de novembro do ano passado, foi feito no âmbito da investigação que apura suposto pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente Temer. Sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito investiga se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado pelo presidente em maio do ano passado, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos. Além do presidente, são investigados Loures, que também é ex-deputado federal, Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar. Como publicado mais cedo, nesta segunda-feira, pelo Broadcast, Loures também afirmou que não recebeu dinheiro para trabalhar por interesses privados na aprovação do Decreto dos Portos e que, apesar de amistosa, sua relação com Michel Temer não é de amizade, mas foi “sempre profissional, respeitosa, administrativa e funcional”. Rocha Loures disse ainda durante o interrogatório que, apesar de saber que o decreto foi iniciativa do Ministério dos Transportes, não saberia informar quem decidiu o início do seu trâmite. “Acredita que talvez tenha ocorrido em decorrência da necessidade identificada dentro do Ministério dos Transportes, relacionada pela própria dinâmica do setor de logística, ainda no governo de Dilma Rousseff, em 2015”, aponta trecho do depoimento.

Estadão Conteúdo
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