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Ângelo Tadeu Lauria, apontado como operador de propinas em esquemas da Petrobrás 17 de maio de 2018 | 07:05

Operador narra entregas a PT e MDB em posto de gasolina

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Ângelo Tadeu Lauria, apontado como operador de propinas em esquemas da Petrobrás, narrou, em depoimento à força-tarefa da Operação lava Jato, entregas de dinheiro para supostos representantes do PT e MDB, em meados de 2010. Ele foi preso provisoriamente – período de cinco dias prorrogáveis – no dia 8 de maio e, no dia 12, o juiz federal Sérgio Moro converteu o cárcere por tempo indeterminado. “Foi dito pra mim… posso. Quando eu estive na sala [dentro da Odebrecht] e que falaram que iria pedir um favor, eles [um executivo da Odebrecht e o lobista João Augusto Henriques] falaram que iriam ajudar dois partidos políticos, que eram PT e PMDB. Sabe um lance que você vê uma cagada tão grande que você fala: não quero ficar entrando em detalhe para não saber”, afirmou, sobre suposta reunião dentro da Odebrecht. Lauria é alvo da 51ª fase da Operação Lava Jato, que tem como alvo pagamento de US$ 56 milhões de propinas em um contrato da Odebrecht na Petrobrás, assinado em 2010. O negócio envolveu contrato de US$ 825,6 milhões que teria sido superfaturado e dirigido para a Odebrecht, após acerto de propinas para os executivos da estatal iniciado no final de 2009. Segundo delatores da empreiteira, R$ 40 milhões ao MDB teriam sido acertados em suposta reunião com o então candidato a vice, Michel Temer, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Os valores teriam sido operacionalizados por meio do lobista João Augusto Henriques e do operador Rodrigo Tacla Duran. O empresário Ângelo Tadeu Lauria é ex-sócio e diz ter trabalhado com Henriques. Ele diz ter ido a um escritório da Odebrecht no Rio de Janeiro junto de Henriques em 2010, quando ficou acertado que, a título de ‘ajuda a partidos’, faria entrega de valores da empreiteira. “Eu falei: João, pagar essas coisas, levar dinheiro de um lado para o outro, isso aí é uma merda, cara. vai que eu sou roubado, assaltado, alguém me segue, me mata!”, contou. Lauria afirmou que, em seguida, compareceu a um almoço com o doleiro Rodrigo Tacla Duran, de quem teria recebido um telefone somente para quando alguém precisasse entrar em contato com o fim de realizar as entregas. Relatou ainda que teria acertado que a operação dos valores em dinheiro vivo seria em um posto de gasolina próximo do aeroporto Santos Dummont, no Rio de Janeiro. Algum tempo depois, Lauria diz ter recebido uma ligação. “esteja no posto, num ponto combinado. Eu fui para lá. Chegando lá, apareceu uma pessoa, eu sei que eram duas porque uma tava mais atrás: ‘Ângelo?’. Eu: ‘Sim!’”. “Eu tava dentro do meu carro. Ele disse: ‘você pode abrir o porta mala?’. Respondi: ‘não, vou descer’. Desci, abri o porta-mala. ele colocou uma mochila. Abri e tinha uns pacotes brancos, sabe aqueles de banco? E falou assim: ‘entregue’. E saiu”, contou. Mais tarde, o empresário diz ter recebido outra ligação, para voltar ao posto e aguardar para que um emissário pegasse os valores. “Veio um cara perto do carro, eu vi que tava fora do carro, veio na minha direção. Ele disse: Ângelo, vim buscar a encomenda. Eu fiz isso 6 vezes, com as mochilas muito cheias, pesadas. Eles me ligavam”, relata. Segundo Ângelo, o lobista João Augusto Henriques, para quem trabalhava, era amigo de Felipe Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB), falecido em 2009. Com Felipe, ele teria ido também à sede da Odebrecht, onde falaram também sobre repasses a partidos políticos.

Estadão
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