Foto: Dida Sampaio / Estadão
Michel Temer 21 de setembro de 2018 | 11:54

Dívida pública só cai em nove anos, mostra estudo

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Mesmo fazendo reformas estruturais, como a da Previdência, e com o País crescendo ao ano, em média, pelo menos 2% na próxima década, ainda levariam nove anos para que a dívida pública comece a cair, segundo estudo do Credit Suisse. Contra esse cenário, no entanto, pesam propostas que foram discutidas pelos presidenciáveis, como o uso das reservas cambiais para abatimento da dívida ou a revisão do teto de gastos. Criado pelo governo Temer, o teto de gastos limitou o aumento das despesas públicas, corrigidas pela inflação do ano anterior. Entre os sete principais candidatos a presidente, cinco já manifestaram que revogariam ou revisariam a medida. Com a campanha, também voltou a ser discutida entre os economistas a ideia de utilizar o excedente das reservas cambiais, atualmente de cerca de US$ 380 bilhões, para abater da dívida pública. O Banco Central divulgou que a dívida bruta do setor público era de R$ 5,186 trilhões em julho, o equivalente a 77% do Produto Interno Bruto (PIB). O estudo do Credit Suisse aponta que o uso das reservas cambiais não seria suficiente para levar a dívida ao mesmo patamar dos demais países emergentes. De acordo com as estimativas, quando se deduz as reservas, a dívida pública cai para 65,9% do PIB, bem acima da média das economias emergentes, de 27,1% segundo dados de 2017 do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nesse contexto, diz o economista Bruno Lavieri, da consultoria 4E, é preocupante cogitar a possibilidade de revogar o teto de gastos ou de usar parte das reservas cambiais para abatimento da dívida, como alguns candidatos a presidente chegaram a fazer. “O teto de gastos sozinho não garante a redução da dívida, mas é um parâmetro que ajuda a conter o aumento de gastos. E usar as reservas deixaria o País exposto.” O economista do Credit Suisse Lucas Vilella concorda que as duas medidas seriam nocivas para o País, sobretudo em um momento de necessário ajuste nas contas públicas. “A ideia de reduzir as reservas não é recomendável, porque jogaria fora um seguro que o Brasil contratou durante anos e nos coloca hoje em uma situação melhor que a da Argentina ou da Turquia, mais expostas à crises.”

Estadão
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