18 de outubro de 2018 | 14:00

Número de doadores cresce 10% nesta eleição, mas valores caem

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Na primeira eleição geral sem a doação de empresas, o número de eleitores que se dispuseram a colocar a mão no bolso por algum candidato aumentou 10% em relação à disputa de 2014. O valor doado, porém, caiu em mais de um terço, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base nas prestações de contas enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A dez dias do fim do segundo turno, 152 mil pessoas doaram algum valor para financiar campanhas, o que somou R$ 450,2 milhões. Em 2014, foram 138 mil doadores (pessoa física) que repassaram às campanhas R$ 708,9 milhões, em valores atualizados. Como ainda há 36 candidatos em disputas de segundo turno, o número de doadores pode aumentar, mas dificilmente chegará próximo do que foi há quatro anos. A possibilidade de doar por meio de “vaquinhas” online, novidade na disputa deste ano, teve adesão de mais da metade dos que se dispuseram a financiar candidaturas. O valor, porém, representou apenas 3% das doações de pessoas físicas. Para analistas, o teto de gastos definido para as candidaturas foi um dos motivos para essa redução de valor e também para o menor custo das campanhas eleitorais. Em 2014, a campanha presidencial pela reeleição de Dilma Rousseff (PT) declarou despesas de R$ 350 milhões – a mais cara desde a redemocratização, em 1985. A de Aécio Neves (PSDB) declarou R$ 227 milhões. Neste ano, os candidatos à Presidência puderam gastar no máximo R$ 70 milhões no primeiro turno e, agora, podem empenhar mais R$ 35 milhões no segundo. Este teto variou de acordo com os cargos. Para deputados estaduais foi de R$ 1 milhão e, federais, R$ 2,5 milhões. Além disso, foi estabelecido para doadores teto de 10% da renda de pessoa física. O analista político Marcelo Pimentel avalia que, além da mudança da legislação, outro fator foi a Lava Jato. “A operação despejou muita atenção sobre grandes doadores e levantou muitas suspeitas sobre as motivações de grandes doações. Ela provavelmente diminuiu a propensão dos grandes doadores de participar e intimidou parte do eleitorado”, afirma Pimentel.

Estadão Conteúdo
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