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Davi Alcolumbre 03 de junho de 2019 | 07:22

Davi Alcolumbre sofre pressão para endurecer com Poderes

brasil

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), vem sendo pressionado por seus pares a adotar uma posição mais firme com outros Poderes e a Câmara. Senadores se revezaram na tribuna nos últimos dias cobrando que Davi não aceitasse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enviasse medidas provisórias com prazo apertado para apreciação pela Casa. Eles criticam também o que consideram posicionamento governista de Davi e pedem que ele desengavete a CPI da Lava Toga, que tem o propósito de investigar magistrados. A pressão começou a ficar mais evidente na semana retrasada, depois que o presidente Jair Bolsonado compartilhou mensagem em que dizia que o Brasil era “ingovernável” por causa de conchavos e de afirmar que o grande problema do Brasil é a política. “Atravesse a rua. Sente na frente deste presidente da República e diga que o que o senhor está presidindo é o Congresso Nacional. Este Congresso precisa de paz para trabalhar”, afirmou a senadora Rose de Freitas (PODE-ES) em 21 de maio. Na terça-feira passada (28), as críticas começaram na reunião de líderes partidários, onde é definida a pauta de votações. Naquele dia, estava marcada a votação da MP 870, medida provisória que define a atual estrutura do governo. Depois de duas horas de discussões a portas fechadas, não se chegou a um consenso sobre tentar devolver o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Justiça.Temendo que a MP perdesse a validade, Bolsonaro e seus ministros passaram a defender que os senadores apenas carimbassem a MP do jeito que havia chegado da Câmara. Uma carta com o apelo foi encaminhada ao presidente do Senado para que fosse lida aos integrantes da Casa. Naquele mesmo dia, Bolsonaro, Davi, Maia e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, reuniram-se para discutir um pacto com metas e intenções em resposta às reivindicações feitas durante as manifestações de rua do final de semana anterior. Davi abraçou a causa sob o discurso de que era preciso atender o apelo de Bolsonaro. “Quando vemos o Judiciário, o Executivo, o Legislativo, ficamos alegres por saber que estão conversando. A gente só precisa ver os resultados desta conversa, e o primeiro não agradou alguns senadores, que foi a gente se quedar diante de uma carta do Executivo”, disse o senador Plínio Valério (PSDB-AM). Na sexta-feira (31), Davi defendeu o diálogo entre Executivo e Legislativo. “Quando o presidente procura o diálogo e entendimento direto com os Poderes, está fazendo um sinal de que quer conversar, quer dialogar, quer fazer política”, afirmou. Mas, ao microfone, durante a sessão da MP 870, senadores protestaram não só contra o pedido do governo, mas também pelo comportamento da Câmara, que mandou a proposta com curto prazo para apreciação e dando sinais de que não avaliaria eventuais alterações feitas pelo Senado. “Não é mais possível que a Câmara continue a desprestigiar o Senado. Não é mais possível que nós continuemos sendo a Casa carimbadora do que acontece na Câmara. Isso tem que mudar”, disse o senador Oriovisto Guimarães (PODE-PR). Davi e Maia fizeram acordo de a Câmara votar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que altera os prazos de tramitação das medidas provisórias. Pelo texto, ficam 90 dias para a Câmara e 30 dias para o Senado. A proposta, que já passou pelo Senado, deve ser votada na Câmara nesta semana.O presidente do Senado diz que é “chance zero” ele ir para um enfrentamento com Maia, mas decidiu fazer um aceno aos seus pares e deixou a MP do Código Florestal caducar, após ter sido votada na Câmara. Davi fez um acordo com líderes partidários para que sejam votadas outras duas medidas provisórias. Para esta segunda-feira (3), convocou sessão para votar o texto que trata de fraudes previdenciárias e o que amplia prazo de gratificação paga a servidores cedidos à AGU (Advocacia-Geral da União).

Folha de S. Paulo
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