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Fábio Wajngarten e Bolsonaro 05 de fevereiro de 2020 | 09:12

Investigado pela PF, Wajngarten ‘continua mais forte do que nunca’, diz Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quarta-feira (5) que o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Fabio Wajngarten, “continua mais firme do que nunca” no cargo.

A declaração de Bolsonaro em defesa de seu auxiliar ocorre após a abertura, pela Polícia Federal, de um inquérito para investigar Wajngarten por supostas práticas de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).

Questionado sobre o tema na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que “não foi a PF que abriu” o inquérito. “O MP pediu que ele fosse investigado. [É] completamente diferente do que você está falando, dá a entender que ele é um criminoso. Não é criminoso, eu não vi nada que atente contra ele”, disse.

Bolsonaro se referiu ainda à Folha e disse para o jornal “mudar o disco”. “Está aí um mês batendo nele. O Wajngarten continua mais firme do que nunca”, concluiu.

Fabio Wajngarten, chefe da Secom, e Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília Ueslei Marcelino/Reuters – 19.nov.2019 A PF atendeu a um pedido do Ministério Público Federal, feito na semana passada, e abriu inquérito para investigar Wajngarten pelos crimes de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).

A solicitação do MPF foi feita a partir de representações apresentadas com base em reportagens da Folha.

No dia 15 de janeiro, a Folha mostrou que Wajngarten é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de TV, entre elas Record e Band, e de agências contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro. Ele nega irregularidades e conflitos de interesse.

Nesta terça-feira (4), o jornal revelou ainda que, ao assumir o cargo, o secretário omitiu da Comissão de Ética Pública da Presidência da República informações sobre as atividades da FW e os negócios mantidos por ela. Na gestão de Wajngarten, seus clientes passaram a receber porcentuais maiores da verba de propaganda da Secom.

Reportagem da Folha desta quarta-feira (5) mostrou que auxiliares de Bolsonaro aumentaram a pressão interna no Planalto pela saída de Wajngarten, mas que o presidente resistir em demiti-lo.

A abertura pela Polícia Federal de um inquérito para investigá-lo intensificou a cobrança interna para que Wajngarten se afaste do cargo. A avaliação de integrantes do núcleo militar e do grupo ideológico ouvidos pela Folha é de que a permanência do assessor presidencial se tornou insustentável.

Na avaliação deles, a manutenção de Wajngarten no cargo só aumenta o desgaste que o episódio já causou na imagem do governo. No entanto, Bolsonaro, de acordo com seus aliados, não considera afastar o chefe da Secom durante a tramitação da investigação da PF.

Apesar do aumento do desgaste, a aposta dos dois núcleos palacianos é de que, apesar de a saída de Wajngarten ser uma questão de tempo, não ocorrerá em curto prazo.

Esse atraso na saída do secretário se deve ao fato de que o presidente deve aguardar a conclusão do inquérito da PF e a do processo administrativo no TCU (Tribunal de Contas da União).

A corte de fiscalização abriu processo por suposto direcionamento político de verbas de propaganda para TVs consideradas próximas do governo, principalmente Record, SBT e Band –o que afrontaria princípios constitucionais, entre eles o da impessoalidade na administração pública.

Folhapress
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