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30 de julho de 2020 | 08:52

Bradesco volta a aumentar reserva para calotes e lucro tem novo tombo de 40,1%

economia

O lucro líquido do Bradesco caiu 40,1% no segundo trimestre de 2020 ante igual período de 2019, para R$ 3,9 bilhões.

A segunda queda seguida, em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Nos primeiros três meses do ano o lucro havia caído 39,8. No entanto, comparando o primeiro trimestre com o segundo trimestre deste ano, o lucro deve leve alta de 3,2%.

O resultado do banco no acumulado do ano é um lucro de R$ 7,6 bilhões -o pior para o período desde 2014, durante a crise, quando registrou lucro de R$ 7,3 bilhões no primeiro semestre.

O novo tombo do segundo trimestre foi causado por mais um forte aumento das reservas para cobrir calotes, consequência dos danos econômicos do coronavírus. O Bradesco -que já havia separado um volume 86% maior de recursos em março para tentar conter os impactos da pandemia- dobrou as provisões feitas entre abril e junho em relação ao mesmo trimestre de 2019.

A alta foi de 154,9%, para R$ R$ 8,9 bilhões.

Desse total, foram R$ 3,8 bilhões relacionados ao ramo financeiro e R$ 747 milhões ao ramo de seguros.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (30), o banco afirmou que seus estudos internos, que são baseados em modelos estatísticos e que refletem a expectativa de perdas do banco em diferentes cenários econômicos indicaram a necessidade de reforço nas provisões.

“Muito embora o tamanho do impacto na economia e a duração da crise ainda seja incerto, continuamos evoluindo em nossas operações de crédito. […] Evoluções que impactam as despesas com PDD [Provisão para Devedores Duvidosos] em função das provisões mínimas requeridas pelo Banco Central”, disse o banco em nota.

Ainda segundo o Bradesco, outra consequência do cenário econômico adverso foi a redução nas receitas com recuperação de créditos e aumento nas despesas com descontos concedidos e impairment (custos com deterioração) de ativos financeiros.

No período, a carteira de crédito expandida do banco atingiu R$ 661,1 bilhões, alta de 14,9%. Esse avanço foi puxado principalmente pelos empréstimos para pessoas físicas, que subiram 12,3%, para R$ 236 bilhões.

Os empréstimos para pessoas jurídicas registraram alta de 16,4%, para R$ 425,1 bilhões, com o crédito para as grandes empresas subindo 18,2% no período, para R$ 310,2 bilhões e os recursos voltados para micro, pequenas e médias empresas com avanço de 11,7%, para R$ 114,9 bilhões.

Em relação aos três primeiros meses do ano, no entanto, a carteira de crédito do banco subiu apenas 0,9%, sendo puxada apenas pelos recursos cedidos às grandes empresas, que subiram 4,5%. Os empréstimos voltados para pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas reduziram 1,3% e 3,6%, respectivamente no período.

A inadimplência total acima de 90 dias ficou em 3%, queda de 0,2 p.p. (ponto percentual) ante igual período de 2019 e de 0,7 p.p. em relação ao primeiro trimestre.

“A redução do indicador para as pessoas físicas e para a carteira de micro, pequenas e médias empresas está relacionada às ações para prover liquidez aos clientes, visando uma readequação de seus fluxos de caixa durante o cenário econômico atual”, afirmou o banco em relatório.

O Bradesco prorrogou R$ 61 bilhões desde o início da pandemia. Desse total 93% eram contratos que estavam em dia, 71% possuíam garantia real e 96% estavam com uma nota de crédito (rating) alta.

A margem financeira do banco (principal receita, gerada com operações de crédito) subiu 15,3%, para R$ 16,7 bilhões. Já as receitas com prestação de serviços caíram 7,9%, para R$ 7,6 bilhões e, além do ambiente econômico, também podem ter refletido a maior concorrência nos setores de cartões e investimentos, por exemplo.

Folhapress
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