5 outubro 2024
Um estudo publicado na última sexta-feira (31) na revista Nature Human Behaviour apontou que a taxa de contágio (R0) do Sars-CoV-2 no Brasil nos primeiros três meses da pandemia foi de 3, ou seja, cada pessoa infectada contaminava outras três.
Essa taxa, segundo os autores, foi ligeiramente maior do que a encontrada em outros países severamente afetados pela pandemia, como Espanha (2,6), França (2,5), Reino Unido (2,6) e Itália (2,5).
Nos países europeus, as medidas de contenção e isolamento foram bem-sucedidas em achatar a taxa de incidência e diminuir o R0 para abaixo de 1, enquanto no Brasil a curva de incidência de casos diários continuou a subir.
Além disso, o avanço da pandemia foi dos grandes centros em direção às cidades menores, com os quatro principais epicentros, representando 49,2% dos casos e 61,5% do total de óbitos, sendo São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas.
Os dados são resultado do primeiro grande estudo epidemiológico de Covid-19, realizado por cientistas do Centro de Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde, na sigla inglês), parceria da Universidade de São Paulo com a Universidade de Oxford, entre outras instituições, e recebeu apoio da Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo) e de agências internacionais.
Os pesquisadores analisaram dados de 514.200 casos confirmados de Covid-19 retirados do Portal Covid-19 do Ministério da Saúde desde o primeiro caso reportado, em 26 de fevereiro, até 31 de maio, divididos em 4.196 municípios, correspondendo a 75,3% do total de municípios no país.
Virologista e principal autor do estudo, William Marciel de Souza realiza sua pesquisa decpós-doutorado em conjunto na Universidade de Oxford e na USP. Ele explica que a alta incidência de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no país neste ano em comparação com anos interiores é a principal ferramenta para avaliar a evolução e disseminação da pandemia no país.
Folha de S.Paulo